segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O Fascismo andando nas ruas



O sociólogo Boaventura de Sousa Santos, em sua obra “Poderá o Direito ser emancipatório?”, nos fala acerca de uma nova forma de fascismo, não da época de Mussolini ou Franco, mas sim um moderno, atual, tão terrível quanto aqueles: o fascismo social. Neste tipo de fascismo, diferentemente dos supracitados, sua forma é produzida pela sociedade e não pelo Estado.
Um novo contrato social está em voga atualmente: um contrato na qual figura entre os contratantes um personagem poderoso detentor do capital, e de outro, a população, à margem do poder e da riqueza. Neste tipo de contrato, o Estado não figura mais como ator importante e fundamental na regulação do controle social, e sim, fica na posição de cúmplice ou de submisso nas mãos dos detentores do capital. Ademais, neste tipo de fascismo, denominado pelo autor de fascismo para-estatal, o grande capitalista impõe sua vontade sobre os mais fracos financeiramente, os obrigando a aceitar certas condições precárias de trabalho para não perderem seus empregos, pois segundo o patrão: “se você não quer tem quem queira”, e assim, a roda do capitalismo que não pode parar não para. Portanto, revemos o coronelismo do início do século XX, na qual um grupo de poderosos do alto do seu poder financeiro domina as classes menos favorecidas e controla um território como se fosse proprietário deste. Como exemplos, podemos citar as UPPs no Rio de Janeiro, que com a bandeira de levar paz às comunidades carentes, faz-se o desvio desta finalidade, pois apenas são instaladas tais bases em áreas estratégicas, visando à segurança da população de maior poder aquisitivo que precisam passar por aqueles locais, além da preocupação com os grandes eventos esportivos que a cidade receberá, e portanto, há a necessidade de uma maior segurança nestes locais para o capital chegar com segurança, longe da marginalidade inconveniente.
Segundo o autor, temos ainda o pior tipo de fascismo contemporâneo, que é o financeiro. Neste, grandes empresas controlam e dominam o sistema financeiro no mundo, fazendo com que suma a ideia de fronteiras e poder estatal, e assim, um grupo limitado de pessoas, em suas salas dotadas de ar condicionado e frigobar, decidem para onde mandar tecnologia, infraestrutura e investimentos. Com essa lógica capitalista, o empresário, utilizando de especulações financeiras, é dotado de grande poder para, se quiser, abalar a economia e a política de qualquer país se este não for interessante ao seus negócios e uma possível fonte de lucro.
Analisando estes conceitos de fascismo lançados pelo autor, vemos que atualmente o detentor do grande capital está acima de qualquer poder, até o do próprio Estado, e assim, controla a vida de todas as pessoas que, sem nenhuma possibilidade de escolha, são obrigadas a viverem de acordo com a vontade, interesse, e estilo de vida de outras pessoas que detêm o poder financeiro. O Estado passou do papel de protetor social para o papel de observador das relações contratuais, não possuindo mais o controle que possuía em tempos passados. Portanto, não pensemos que o fascismo extinguiu-se, pois basta saímos na rua que o veremos firme e atuante.

Pedro Gabriel da Silva
Frederico Theotonio
João Matheus Rezende Cesário 
Ricardo Amado Schell Ribas Silveira Alves 

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