segunda-feira, 18 de junho de 2012

Quem se importa com os professores?


 
O sistema capitalista guarda uma característica condicional à sua sobrevivência: a alienação. Para garantir o controle sobre as massas e a manutenção deste sistema que lhe é conveniente, a burguesia (ou os grupos beneficiados economicamente por esse sistema) usa de métodos escusos para garantir que seus abusos não sejam questionados. Para tal, a forma mais eficiente de doutrinar as massas dominadas é lhes tirar qualquer senso critico por meio de um sistema de ensino voltado à dessensibilização do indivíduo.
            Ao fornecer um ensino estritamente dogmático e mecanicista (que se limita à tornar o trabalhador pronto para servir à produção), rouba-se do cidadão a capacidade de refletir e questionar as injustiças às quais é exposto diariamente no sistema e o torna refratário às demandas sociais que não o afetam diretamente.
            Vide o caso das universidades federais brasileiras: é fácil notar a resistência da sociedade – e de estudantes das próprias instituições-  em apoiar a greve dos docentes motivada pelo sucateamento do ensino superior brasileiro, enquanto a mídia quando não nega os fatos taxas os grevistas de folgados.
            Ora, é notório no Brasil um aumento nos investimentos em infraestrutura e segurança publica, quando não em estádios gasta-se em armamentos para os policiais, mas os investimentos públicos em no ensino básico, nas universidades e pesquisa apenas minguam. Ademais, há apenas crescimento no ensino técnico e tecnológico que visa educar o trabalhador apenas para o trabalho industrial, sem atentar-se para maiores filosofias.
            É flagrante, assim, uma inversão de valores: neste país, o governo direciona dinheiro para as industrias armamentista e para aprisionar aqueles que não estão servindo ao sistema ou subvertendo-o praticando atos criminosos, mas torna escassa as fontes de verba para a formação dos indivíduos, furta-lhes o direito de pensar ao disponibilizar a ascensão social por meio da servidão cega ao burguês. Aqueles que fogem dessa lógica ao buscar o aprofundamento cientifico-filosófico são taxados como boêmios irredutíveis, dândis e páreas sem lugar na sociedade cotidiana, cuja produção não passa de balela por sua intangibilidade.
            É chegada a hora de mudar essa lógica, mas por quem? Não há atores dispostos a agir em número suficiente para fazer a diferença. A maioria foi cegada pelas luzes da alienação e não consegue ver a burguesia afanando seu futuro em nome do lucro imediato. Os educadores são reféns de um sistema que os ameaça com obsolência quando tentam incutir quaisquer pensamentos críticos que possam libertar a sociedade destes antolhos impostos por aqueles que os montam.
            Somos todos, sem exceção, vítimas e algozes uns dos outros.
           

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