sábado, 5 de maio de 2012

Fugindo à regra


O estudo de Émile Durkheim, resumido no conceito de fato social, é de grande relevância para a compreensão dos comportamentos de uma sociedade. Embora tenha vivido em uma época anterior aos dias de hoje em cerca de 100 anos, o autor desenvolveu ideias que se mostraram atuais em todo o decorrer desse período, nas mais diversas organizações populacionais, independentemente da origem, tribo ou costumes.
Durkheim afirmou que o comportamento de um indivíduo em sociedade era resultado de fatos sociais: desde a educação que recebeu dos pais, a escola em que estudou até a religião em que fora educado. Para ele, cada organização cria suas instituições necessárias à ordem, como as escolas, Igrejas e etc. Assim, toda a sociedade adota um comportamento e ao indivíduo que as desrespeita fica imposto uma sanção, seja ela de forma evidente (como as penas quando leis são infringidas) ou silenciosa (como as reprovações pelos demais indivíduos por algumas atitudes consideradas fora do padrão).
A educação exerce um papel de suma importância para o enraizamento dos costumes e para conformação dos indivíduos à sociedade em que se inserem. Sua atuação faz com que as regras sejam interiorizadas e se tornem hábitos, fazendo com que as pessoas acreditem que tais costumes são frutos da vontade pessoal. A intimidade, porém, revela muitas vezes que atitudes tomadas em âmbito coletivo são puramente sociais, não refletindo em nada o comportamento próprio do indivíduo.
Atualmente, é evidente que a sociedade ainda age conforme seus preceitos e costumes, impondo regras explícitas (moral) ou implícitas (ética) e punindo os transgressores, sempre em busca do retorno da ordem. Fugindo às regras, grupos que se consideram fora do padrão surgiram e atuam com maior destaque no cenário social, mas fica a pergunta: será mesmo que tais grupos conseguem viver livres do fato social?
No interior de uma sociedade há várias organizações segundo a identificação que os indivíduos fazem entre si. Dentre elas, destacam-se aqueles que se unem por não seguirem os padrões previamente impostos a todos. A ironia consiste, porém, ao analisar que tais grupos também apresentam suas regras, e se alguém pertencente ao grupo transgredir alguma norma, a ele também caberá uma sanção por parte dos demais integrantes da organização.
O fator coercitivo do fato social só é sentido quando uma regra é transgredida, não importando se foi imposta pela organização dos vizinhos do bairro ou pelo Estado. Assim, o estudo de Durkheim revela que, queiramos ou não, estaremos sempre submetidos à imposição de regras de valores, e ainda, estaremos sujeitos à sanções se tivermos a ousadia de contrariar a sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário