domingo, 15 de abril de 2012

Peixe preso dentro do vento


     Vivemos nossa vida, sempre focados em algo, sem nos importar com a imensidão que ela abrange. Estamos presos nessa ordem cartesiana que impera sobre o olhar humano na natureza, como peixes presos dentro do vento.
     No filme “O ponto de mutação”, as discussões levantadas chegam ao diálogo do homem focalizado, que não enxerga as relações que a vida possui.  Chega a ser irônica a abordagem que o filme nos apresenta, ao mostrar que a personagem que prega a interconexão entre todas as coisas, tenha se isolado numa ilha, voltada para si e suas indagações sobre a utilidade da ciência, se esquecendo até de seus familiares. 
     O que fizemos com a ciência em nossa sociedade? Transformamo-la em mero instrumento de exploração, sem nos importarmos com a ética envolvida em seu uso ou a sustentabilidade. Ela é especializada, se esquece do todo e das conexões existentes. Por meio dela só observamos fragmento e não múltiplas relações que ele possui. 
     O homem atual funciona como a ilha no filme. Sua mente pode chegar a conclusões mais brilhantes sobre o melhor uso da ciência na vida das pessoas, mas ao fim da tarde, a ilha se cerca de água, nos deixando presos, sem opção de expandir nossos horizontes, de aplicar nossas ideias na realidade. A água representa o medo, o temor da aceitação do novo pela sociedade, já acostumada com o estabelecido, com o tradicional. Para quebrar esse paradigma, precisamos enfrentá-la, sair da ilha, escapar do vento.
Murilo Martins

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