segunda-feira, 16 de abril de 2012

Metamorfose científica.


       No filme “Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Capra, há, como ponto principal, uma discussão entre um político, uma cientista e um poeta que leva ao questionamento da Ciência Moderna e a capacidade da mesma em resolver problemas.
       Através da crítica colocada pela física sobre o modo cartesiano como o político analisa os fatos, infere-se que essa não é uma característica exclusiva do americano, mas também da população. Procuramos analisar os fatos separadamente para depois chegar-se a uma conclusão do todo. Segundo a cientista, o mundo tem que ser visto como um todo através das relações existentes entre cada objeto que compõem a natureza e que fazemos parte dessas relações. A cientista afirma que se devem abrir os horizontes para modelos sistêmicos, escapando do conforto dos processos, onde temos o controle, mas muitas vezes não a compreensão. Não se pode olhar os problemas globais tentando entendê-los e resolve-los separadamente, pois se dispõe de fatos que poderiam influenciar nossas decisões.
       Seria preciso a transformação do homem, livrar-se do sistema cartesiano para a utilização do sistema holístico, o qual analisa o indivíduo além do objeto momentâneo para inseri-lo em um contexto social, ambiental e político, uma interdependência do fato científico.
      Bacon propõe a transformação e escravização da natureza a fim de atingir-se o conhecimento, entretanto, ao inserirmos a proposta baconiana aos problemas atuais, pode-se traçar um paralelo com a questão da sustentabilidade. O equilíbrio da transformação da natureza, proposta por Bacon, e a manutenção do homem no mundo, demonstrando que a proposta do filósofo já não é compatível com a nossa sociedade. Esse equilíbrio viria da compreensão das conexões entre os sistemas, através do entendimento da dependência dos fatos naturais e humanos.
       Fazemos parte de um mesmo sistema, logo, faz-se mister que compreendamos os fatos como um conjunto de ações e reações, interligadas e com consequências para todos os integrantes. Podemos relacionar também o sistema holístico, portanto, com o Direito, por exemplo. Para que haja uma sentença justa cabe aos profissionais da área a análise do indivíduo como um todo, como parte de um histórico essencial para o desencadeamento de sua ações e não apenas como o acusado do fato isolado. Fazendo do Direito uma forma mais eficiente do cumprimento da justiça.
      O novo paradigma estaria, portanto, na metamorfose do homem e da ciência moderna; Racionalizar, visto que a ciência indica os métodos que devemos seguir para atingir o conhecimento, mas sem libertar-se dos afetos, da compreensão do outro como um ser humano cercado por um sistema com o qual ele se integra.

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