segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Consciência dos "grandes"



Desde o século XVIII vivemos o modelo de produção e consumo industrial, que surgiu após a primeira revolução industrial na Inglaterra. O grande problema ambiental foi iniciado, ou intensificado a partir desse modelo social, cultural, industrial, que prossegue até hoje. Nós somos alienados por ele, e não conseguimos sair dele, pois é tão gigantesco, que acabamos aderindo a ele sem nos dar conta da existência dele.
O comércio em geral exerce a função de complementariedade desse modelo que começa no processamento, extração e comercialização da matéria prima. Depois há o sistema financeiro que se articula com este modelo, que se está mais presente na nossa vida através da financeirização da economia.
Antes vendia-se o produto e se obtinha o lucro: era o modelo mercantil. O mercado necessitou crescer cada vez mais, surgindo as formas de pagamento, a bolsa de valores e as especulações. Tudo para impulsionar esse consumo e antecipar um ganho futuro.
Outro aliado desse modelo são os órgãos de comunicação. Ex: TV, internet, moda. A maquiagem dos produtos consiste em dar um detalhe visual à um produto sem adicionar nada na sua essência, na sua tecnologia; isso ocorre pela necessidade do consumo. Todas essas características formam o Modelo de Consumo e Produção Industrial, caracterizado pelo consumo em massa de bens, frequentemente, não necessários à vida que alimentam o consumismo desenfreado iniciado pelo "american way of life". Se esse modelo continuar em escala ascendente, a vida humana se tornará insustentável. 
Porém, em um mundo de sensações imediatistas, de viver o "aqui e agora", pouco se pensa no que será das gerações futuras. Muito se discute mas nada de concreto se faz. Tanto no âmbito público quanto no privado, as ações são pouco concretas em tratando-se de prevenção à destruição do meio ambiente, só visa-se a reconstrução daquilo que está praticamente perdido já. As políticas preventivas do Estado são baseadas praticamente no "temor às penalidades", já que crimes ambientais são inafiançáveis e as multas são altas. No âmbito privado as empresas se vangloriam por um ou outro programa de reciclagem enquanto jogam água quente e poluída nos rios.
Campanhas de conscientização das massas são necessárias, mas são pouco eficientes já que a principal culpada pela calamidade ambiental que chegamos é a famosa "escala industrial", como já foi citado. O "trabalho de formiguinha" de todas as pessoas não ajuda a diminuir o desastre já feito, mas somente mantém o que já está e retira a atenção dos verdadeiros culpados nas campanhas ambientais. O trabalho efetivo de restauração é muito maior do que deixar a torneira fechada enquanto escova os dentes. São necessárias políticas públicas de restauração de matas nativas, penalidades ainda mais duras (e que realmente sejam executadas) à empresas que poluem, degradam e não respeitam a legislação ambiental.
No ponto da legislação ambiental encontramos mais um entrave: quanto mais flexível a legislação ambiental de um país mais ele atrai investidores, vide o exemplo da China.  Então aí surge o dilema: gerar empregos, tributos ao Estado (no âmbito público) e jogar os restos da produção em qualquer lugar para evitar gastos (no âmbito privado) ou proteger o meio ambiente à troco de reconhecimento gratuito nos índices internacionais e gastar muito em tecnologia de ponta para reduzir o grau de poluentes nos detritos industriais? É óbvio que em um país em desenvolvimento como o nosso, a primeira opção é que será adotada e mesmo entre os grandes barões da indústria, ninguém está disposto à "sacrificar" lucros em prol de algumas árvores enquanto pode usar esse lucro para gerar mais lucro, é contra o ideal comercial diminuir lucros!
Resta uma conscientização dos grandes empresários e dos governantes, para que entendam que um têm que ceder um pouco para que a vida no planeta seja viável daqui a 20 anos. 


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