terça-feira, 6 de setembro de 2011

Clyde, o agente

O filme "código de conduta" inicia-se através de uma cena em que ocorre o assassinato da filha e da esposa de Clyde, um pai de família aparentemente amoroso e dedicado a seu lar. Tal trecho retrata uma clara infringência da lei: a prática do assassinato. Contudo, o que vemos não é somente um crime, trata-se da morte de dois entes queridos do personagem. A partir deste momento traça-se uma tênue linha entre a justiça, o desejo de vingança e, é claro, o cumprimento da lei por parte do estado.
No julgamento o promotor Nick realiza um acordo e nele um dos assassinos é condenado à morte e o outro, por se configurar como testemunha chave ao relatar os acontecimentos e entregar o cúmplice, é condenado a apenas alguns anos de reclusão e logo se vê em liberdade novamente.Inconformado com o resultado do julgamento dos assassinos de sua família, Clyde parte em busca de sua própria justiça após 10 longos anos.
A questão, no entanto, é: estaria Clyde buscando justiça, vingança, ou como ele mesmo afirma, estaria ele querendo mostrar a todos o quão falho é o sistema judiciário, que deixa assassinos livres?
Há uma cena muito interessante que aborda o direito de forma crítica (talvez exagerada, é verdade): Clyde recusa seu direito a um advogado e enfrenta a promotoria em pleno tribunal, convencendo a juíza de que não existem evidências suficientes para que lhe seja negada a fiança através de artifícios legais. O mais importante, entretanto, é subsequente a isso: o réu explicita que apenas com mecanismos da lei se livrou de acusações que claramente referiam-se a ele, mostrando que a lei muitas vezes serve aos mal intencionados e prejudica os que dizem a verdade, ou seja, não é sempre que a lei proporciona justiça.
"Alguma justiça é melhor do que nenhuma"? Não para Clyde, que recorre a seus próprios métodos e descontroladamente comanda uma série de assassinatos a começar pelo outro assassino de suas esposa e filha. É claro, Clyve não buscou justiça mas sim vingança (devido ao fato de estar movido por emoções também).
A restituição do direito surge muito claramente na figura da prefeita. Ela quer anular as ações de Clyde seja pela prisão de seus possíveis cúmplices, seja por sua morte, ou através de qualquer outro meio. Clyde é o agente da anomia social atuando na Filadelfia e cabe ao Estado detê-lo para que suas ações não a gerem de fato.

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