segunda-feira, 13 de junho de 2011

Bacon e seu método baseado na experiência e na natureza

O texto do inglês Francis Bacon, publicado em 1620, é considerado a ata inaugural da filosofia inglesa moderna. Insere-se no contexto de grande ascensão inglesa nos campos político e econômico no reinado de Elizabeth I. Era o período do absolutismo inglês em vias de consolidação, sustentado pelas atividades comerciais.
Logo no prefácio do “Novo Organum”, nota-se a importância atribuída à natureza para alcançar o conhecimento filosófico e científico. Bacon busca formar um método experimental para interpretação de dados, que consiste em “estabelecer os graus de certeza, determinar o alcance exato dos sentidos e rejeitar, na maior parte dos casos, o labor da mente”, criticando a ciência obtida pelo simples exercício da mente e a filosofia grega, cuja sabedoria seria “farta em palavras, mas estéril de obras”. O método proposto implica em “levar os homens aos próprios fatos particulares e às suas séries e ordens, a fim de que eles, por si mesmos, se sintam obrigados a renunciar às suas noções e comecem a habituar-se ao trato direto das coisas”.
O autor pede respeito aos antigos e alerta que seu trabalho não tem por objetivo “colocar por terra as filosofias ora florescentes ou qualquer outra que se apresente”, mas defende a existência de duas linhas filosóficas, de dois métodos, sendo “um destinado ao cultivo das ciências (antecipação da mente) e outro destinado à descoberta científica (interpretação da natureza)”. Esta segunda forma de proceder atende aos que visam alcançar a vitória sobre os adversários não apenas pela argumentação, mas pela ação, pela vitória sobre a natureza, pelo conhecimento da verdade clara.
Através de textos simples (aforismos), Francis manifesta a necessidade de observação da natureza, a qual supera em complexidade o intelecto e os sentidos, e somente pode ser vencida quando obedecida; destaca a utilização de instrumentos pelo intelecto e pelas mãos; faz críticas à ciência de sua época, cujos resultados seriam apenas combinações de descobertas anteriores; aponta o que seria o verdadeiro caminho para a investigação e descoberta da verdade, que consistiria em recolher os axiomas dos sentidos e dos dados particulares para, continuamente, ascender até o alcance dos princípios de máxima generalidade.
Em virtude da maior profundidade da natureza em comparação com a força dos argumentos, estes não podem valer para a construção de axiomas. Dessa maneira, a dialética, que ocupou grande destaque no período escolástico, recebe forte crítica. As antecipações seriam mais fáceis de agradar, pois partem de poucas instâncias e logo empolgam o intelecto. De outro lado, as interpretações originadas de muitos fatos dispersos apresentam-se duras e dissonantes, não agradando à opinião comum num primeiro momento.
São apontados quatro gêneros de ídolos bloqueadores da mente humana, os quais destoam gritantemente das ideias da mente divina. A saber: ídolos da Tribo (falsa atribuição das medidas das coisas aos sentidos do homem, os quais distorcem e corrompem o verdadeiro significado dos fatos); ídolos da Caverna (além das distorções da natureza humana em geral, cada indivíduo possui seus próprios mitos, medos, fantasias, suas próprias cavernas ou covas, que são oriundas de sua educação, de sua história de vida, etc.); ídolos do Foro (são os mais perturbadores, causados pelo relacionamento entre os indivíduos, cujas palavras bloqueiam o intelecto e geram controvérsias e fantasias) e ídolos do Teatro (“incutidos e recebidos por meio das fábulas dos sistemas e das pervertidas leis de demonstração”).
Para o autor, “a verdade não deve ser buscada na boa fortuna de uma época, que é inconstante, mas à luz da natureza e da experiência, que é eterna”.
POSTADO POR ALYSSON PIMENTA RODRIGUES – 1º ANO – DIREITO NOTURNO

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