segunda-feira, 2 de maio de 2011

A política de Vargas e o Positivismo

É inevitável estudar o positivismo e não lembrar-se de Vargas. Enquanto os teóricos e revolucionários enchiam o peito e bradavam emocionados em palanques os ideais da Terceira Internacional, Vargas buscava agradar suavemente o operariado para calar o espírito revolucionário enquanto mantinha os lucros dos donos das empresas.
A retórica revolucionária até pode ser brilhante e aos ouvidos daqueles que buscam uma vida melhor é como a realização do paraíso terrestre. No entanto, para o operário que vê dia-a-dia sua vida cada vez pior, com preços e juros subindo e o salário cada dia mais minguado, torna-se algo inviável acreditar que o mundo vai mudar. É muito melhor receber o "pouco garantido do governo" do que o "muito onírico da revolução".
Por mais que se critique o positivismo, sua teoria que garante educação e trabalho de qualidade ao operário é válida. É muito melhor buscar esse pouco do que tentar ignorá-lo por algo melhor e não conseguir nem um e nem outro.
A parte que discordo da opinião de Comte é quanto à educação e pensamento: a não especialização do conhecimento, o ensino direcionado ao proletariado por ele ser melhor receptor e por ser uma fonte de regozijo ele saber que seu local na sociedade é pré-estipulado e mudar seria prejudicar a sociedade. Pensar assim é pensar muito distante e friamente na realidade das ambições humanas de obtenção de conforto mínimo. Nem é preciso pensar no mundo do consumismo exacerbado para reconhecer que qualquer um quer ganhar mais que um salário mínimo, nem que isso o faça mais infeliz pessoalmente. Se essa não fosse uma realidade aplicável, haveriam mais músicos, artistas plásticos, esportistas amadores... E não importa o quão aplicada seja a educação nesse sentido, de desenvolvimento do sentimento de grupo e solidariedade, é do sub-consciente humano e de seu instinto de sobrevivência buscar mais, querer mais e a inveja é algo latente.
Portanto, acreditar que cada um ficaria em seu lugar estático é ilusão; no mínimo, aqueles que obtivessem cargos médios, um dia iriam querer os mais altos e isto é algo que filosofia nenhuma vai mudar.

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