sábado, 26 de março de 2011

Razão, Fé e Verdade - O tripé do conhecimento cartesiano

"Poder de julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso." Foi em busca de aprimorar este poder que o filósofo, físico e matemático René Descartes (1596-1650) dispensou parte de sua vida e seu trabalho. Adentrando em diversas áreas do conhecimento humano, ou seja, as Letras, a Filosofia, a Teologia e a Matemática, Descartes desiludiu-se ao perceber falhas em cada uma delas no que diz respeito a atingir a verdade absoluta e inquestionável, pois eram ciências obscuras, confusas e "contaminadas" pela influência da Igreja.
Quando, por fim, decide estudar a si próprio, Descartes descobre a existência de um Ser maior, uma natureza perfeita. Ciente de sua imperfeição e também da possibilidade de criar a ideia de algo superior e perfeito, o pensador conclui que tal ideia só poderia ter sido semeada por um ente possuidor de tais características, ou seja, algo ou alguém superior e perfeito.
Todo e qualquer objeto, ou matéria, de estudo e análise que pudesse gerar a menor dúvida, deveria ser considerado falso. Em sua pesquisa pela verdade, Descartes chegou ao princípio de sua filosofia que então o tornaria, mesmo que este não fosse seu intuito primordial, um grande e admirado filósofo: "Cogito ergo sum.", ou "Penso, logo existo." Aceitando-se como algo não-falso, pelo fato de possuir e articular pensamentos, Descartes chegou a evidência de sua existência.
"(...) conhecer é perfeição maior do que duvidar". Assim, o pensador define como verdade absoluta aquilo que podemos conceber clara e distintamente, sem que nos provoque dúvidas ou questionamentos. Essa concepção sobre a Verdade, segundo Descartes, só é admissível se for aceita a existência de Deus, aquele ente superior do qual se origina tudo o que existe em cada ser. A concepção de uma ideia provinda do nada é inaceitável para ele, portanto Deus seria o responsável por nos implantar a ideia do perfeito e todas as verdades as quais se pode atingir. De outro modo, nada poderia garantir que as "verdades" possuem a perfeição de serem realmente verdadeiras.
Descartes declara também que não devemos nos deixar convencer por nossos sentidos ou imaginação, haja visto que eles podem não estar vinculados com a razão. Além do mais, aquilo que nossos pensamentos possuem de verdadeiro deve nos ser mostrado mais quando estamos despertos do que quando sonhamos.
O homem, para atingir um maior grau de conhecimento acerca de todas as coisas, deve esgotar-se em experiências. Dessa maneira, através delas conheceria a priori todo e qualquer efeito de toda e qualquer causa. Mesmo que um único homem seja incapaz de realizar todas as experiências por si só, poderia servir-se de outros. No entanto, devendo sempre ser cuidadoso ao aceitar os resultados, uma vez que cada um realiza sua experiência de acordo com seus princípios, podendo assim afastar-se do objetivo de atingir a verdade.
René Descartes transformou a forma de produzir conhecimento dentro da sociedade feudalista em que vivia, sendo considerado o "fundador da filosofia moderna". Seu pensamento, segundo especialistas, foi o ponto de partida para a corrente do Racionalismo, na Idade Moderna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário