domingo, 25 de maio de 2025

Autoridade de Weber e o racismo

 Max Weber foi um sociólogo, economista e historiador alemão do século XIX, sendo considerado um dos "pais" da sociologia com pensamentos importantes para compreensão da estrutura social, da burocracia, da economia  e da política. Entre seus principais conceitos, um dos que se destacam é a autoridade, que seria, para Weber, a capacidade de exercer influência sobre a ação social de outros indivíduos, e uma forma de dominação, sendo a ação social outro importante conceito de Weber, e ele ainda divide a autoridade em três tipos, sendo eles a autoridade tradicional, baseada nos costumes e tradições, autoridade carismática, que se apoia no carisma e na capacidade de liderança de um indivíduo, e autoridade racional-legal, fundamentada em regras, leis e instituições burocráticas. Para Weber, essas formas de dominação explicam como o poder é legitimado nas sociedades.

Ao observar a história do racismo, é possível perceber como a autoridade tradicional desempenhou um papel central na sua construção e manutenção. Durante longos períodos, crenças e costumes enraizados na sociedade justificaram a superioridade de determinados grupos raciais sobre outros. A escravidão, por exemplo, foi sustentada durante séculos como uma prática naturalizada, amparada pela tradição, pela cultura e até por interpretações religiosas que hierarquizavam os seres humanos com base em características raciais. Assim, o racismo foi transmitido e legitimado como algo "normal" dentro de estruturas sociais tradicionais.

Além disso, o racismo também se consolidou através da autoridade racional-legal, especialmente nos períodos em que leis formalizaram práticas discriminatórias. Leis de segregação racial, como as do apartheid na África do Sul , é exemplo de como o racismo foi institucionalizado. As instituições e o aparato jurídico, que deveriam garantir direitos, foram usados para sustentar desigualdades raciais, mostrando como a dominação pode ser legalmente estruturada, sendo também, diversas vezes ligadas a situações políticas e econômicas, como no contexto do imperialismo, onde buscavam através de teorias biológicas mostrar a inferioridade de uma raça ante a outra para justificar os horrores que eram realizados nesse contexto.

Portanto, é evidente que a perspectiva de autoridade de Max Weber é uma ferramenta importante para entender como o racismo foi legitimado historicamente, tanto por meio de tradições quanto de leis e instituições. Compreender essas dinâmicas é essencial para analisar como estruturas de poder se mantêm e, principalmente, como podem ser transformadas. O combate ao racismo, portanto, não é apenas uma questão individual ou moral, mas uma luta contra sistemas de dominação profundamente enraizados na história e nas estruturas sociais.


Lucas Bessa Sanchez - Direito Noturno

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