terça-feira, 19 de março de 2024

 “Tudo aquilo de que os homens comuns têm consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado pelas órbitas privadas em que vivem. Sua visão, sua capacidade, estão limitados pelo cenário próximo: o emprego, a família, os vizinhos; em outros ambientes movimentam-se como estranhos, e permanecem espectadores”.

  Tal fala de Wright Mills mostra que o indivíduo preza pelo ideais que o cercam, ou seja, pela sua própria realidade.  Isso é perfeitamente observável no contexto da polarização política que atingiu o país na última eleição, visto que os chamados “bolsonaristas” deixavam de lado a realidade de mais de 30% da população, que enfrenta situações de pobreza, para se auto beneficiarem.
  O ex chefe de estado do PL mostrou seu desinteresse pelas minorias e/ou populações frágeis diversas vezes com falas como:  "Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo" (em uma entrevista com a revista Playboy em junho de 2011)”. Porém, independente dessa situação, 49% do Brasil escolheu tal candidato. Isso reforça a fala de Mills sobre o prevalecimento da individualidade nas decisões do cidadão e esclarece o egoísmo da burguesia liberal, eleitores de Jair Bolsonaro.
 Além de falas homofóbicas e racistas, suas politicas públicas claramente não tinham como objetivo possibilitar a população carente acesso a direitos e recursos, mas, novamente, foi algo ignorado pela classe média/alta, já que em suas vidas isso nada faria efeito.
  A bolha criada pela classe média/alta, como os condomínios fechados, os impossibilita de enxergar a dura realidade que uma alta parcela da sociedade enfrenta e, por isso, assim como prevê Wright Mills, as pessoas de se veem como indivíduos isolados, separados das influências sociais e históricas que moldam suas e as outras vidas.

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