domingo, 17 de março de 2024

Racismo na contemporaneidade, a partir da visão de Grada Kilomba, justificado com base no Positivismo

  Na contemporaneidade, a sociedade ainda é marcada por diversas desigualdades, uma vez que o preconceito enraizado no corpo social marginaliza grupos denominados como minorias, mesmo que numericamente não representem a menor parte. Um exemplo muito claro disso recai sobre a população negra, a qual sofre incansavelmente com o racismo explícito ou implícito proferido pela porção branca. Sob esse viés, é necessário refletir sobre como a escravidão foi operada no Brasil, último país a aboli-la na América e que não praticou uma reinserção dos negros nos principais setores sociais, os deixando a margem desde então. 

  No contexto atual, no qual discursos de ódio são propagados publicamente e não há uma punição efetiva, foi normalizado exprimir injúrias raciais com o pretexto de ser uma opinião. Para exemplificar, no texto “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidianos”, de Grada Kilomba, é destacado como o racismo afeta o meio acadêmico. Desse modo, a autora do texto reforça que conhecimentos advindos da população negra são vistos como menos credíveis. Além disso, também é assegurado que seus trabalhos são marcados por pessoalidade e subjetividade, porém nunca reconhecidos como científicos. Logo, essa falta de credibilidade faz com que os negros não sejam incluídos no meio acadêmico, ficando com o sentimento de não pertencimento a esse setor.

  Ademais, é imprescindível evidenciar o conceito de “imaginação sociológica”, exposto por Wright Mills, o qual diz respeito ao fato de que um evento individual muitas vezes faz parte de um coletivo. O racismo não tem como objetivo excluir uma pessoa, mas sim o grupo todo. Por exemplo, as experiências de Grada não são intrínsecas à ela, mas sim a quase totalidade da população negra. Como justificativa, esses julgamentos muitas vezes usam como base o positivismo, corrente filosófica que preza pela ordem. Ao defender que a sociedade precisa ser ordenada, os positivistas condenam qualquer tipo de equidade, já que defendem a hegemonia branca e recusam a perda de privilégios desse grupo. Dessa forma, o racismo, juntamente com outras discriminações, é legitimado e não há uma busca pela extinção desses. 

  Portanto, é necessário trazer cada vez mais voz a pessoas negras para que esse contexto consiga ser mudado. No meio acadêmico é de extrema importância aumentar o reconhecimento desse grupo, para buscar uma sociedade mais igualitária. 

 

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