domingo, 17 de março de 2024

O Ser infalível

 

Nunca se teve tantas dúvidas como os dias de hoje. Há um relativismo geral (ou mesmo “absoluto”) em que todo conhecimento se torna contestável, até mesmo a tão aclamada “verdade”, se é que realmente existe a verdade absoluta. Nos tempos modernos, os quais estamos presenciando o desenvolvimento de novos e diversos tipos de conhecimento e nas mais variadas áreas, ainda é uma grande dúvida – há verdadeiramente algum conhecimento infalível? – que permeia os campos da metafísica, da ontologia, da lógica e até mesmo da teologia.

Em Novum Organum, Francis Bacon, afirma que o verdadeiro conhecimento é aquele experimentado pelos sentidos, ou seja, o conhecimento firmado no “mundo sensível” (uma referência ao pensamento platônico). Mas até mesmo os sentidos podem falhar e consequentemente o conhecimento adquirido por esse meio também se tornará inválido/falível. Por exemplo, há um fenômeno físico (óptico) chamado “fata morgana” em que é criada uma imagem que está aparentemente voando sobre a superfície, porém é apenas um desvio dos raios de luz. Mas ao se deparar com uma situação dessa todos questionariam se é verdade ou não, mesmo estando vendo com os próprios olhos.

René Descartes possui sua célebre máxima – “penso, logo existo” – que é um postulado, no sentido de que é uma “certeza” que não carece de demonstração. Nos seus discursos, o filósofo discorre que sua existência não é baseada apenas em seu pensamento, devido ao fato que até mesmo os pensamentos são falíveis e uma verdade absoluta, que é a razão da existência, deve ser infalível. Assim, Descartes buscou uma explicação maior, algo/alguém que está a cima de toda imperfeição, denominado Deus.

Seria um julgamento parcial afirmar que essa perfeição seria um Ser que pertence a determinada religião. A ideia concebida do Ser infalível é pertinente e dá razão a toda existência, seja no “mundo sensível ou inteligível, devido ao fato de que este está num patamar incompreensível no nosso intelecto falível, justamente porque Ele é infalível. O “Arquiteto do Universo”, assim por dizer, não pode ser explicado por demonstrações, mas sim, sua existência é uma verdade absoluta. Ademais, o universo possui leis – como da física, por exemplo – leis não são criadas a partir do nada, elas precisam de um Criador/Legislador.

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