domingo, 17 de março de 2024

O impacto de uma estrutura social racista


Na atual sociedade brasileira, decorrente de décadas de exploração pelo colonialismo, a desigualdade social ainda é uma realidade, onde diversos grupos são deixados à margem social. Como dito por Grada Kilomba (2019), estar a margem é fazer parte de um todo, mas não do corpo principal, para os negros principalmente, há uma desumanização e uma marginalização abrangentes, em especial no meio acadêmico.

As cotas raciais são frequentemente questionadas e muitas vezes sofrem com tentativas de extingui-las, pelo medo dos oprimidos terem acesso a locais e vivências que a dominação não quer inclui-los. Mesmo com a permanência das cotas em universidades, raramente se encontram pessoas negras em cargos concursados ou de alta patente, lugares de uma majoritária hegemonia branca. Em situações como essa é possível perceber a forma como a estrutura de uma sociedade impacta de forma individual e pessoal.

Segundo Wright Mills a Imaginação Sociológica permite que se compreenda as relações entre questões públicas estruturais e as perturbações pessoais. O Brasil é portador de um racismo estrutural que impacta cotidianamente a vida de milhares de pessoas negras, tanto no meio acadêmico e administrativo, com as frequentes tentativas de excluí-los para que nada seja questionado, tanto na vida em sociedade, onde é possível analisar as mais variadas situações em que a violência, muitas vezes mortal, contra os negros são propositalmente amenizadas e naturalizadas, como algo comum e justificável.

No texto “Quem pode falar?” de Grada Kilomba (2019) é possível relacionar milhares de situações que outras pessoas negras também vivenciam, onde o racismo, tão naturalizado, oprime esses indivíduos; Wright Mills documentou sua perspectiva em 1965, mas ela é ainda mais atual na contemporaneidade globalizada do que quando foi escrita, já que milhares de indivíduos tem suas vidas pessoais impactadas e perturbadas por questões estruturais de uma sociedade que ainda vive em meio a uma dominação branca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário