domingo, 24 de março de 2024

Coletividade da subjetividade

 

Ao tratar a sociologia como uma “Física Social”, August Comté torna-a fria e calculista, ou seja, esquece que muito além de fatos concretos e dados estatísticos os fatos sociais são compostos e exercidos por seres humanos. Inseridos nos fenômenos sociais estão pessoas que possuem suas respectivas individualidades e características particulares que devem ser levadas, com certeza, em consideração na análise do fenômeno social que está sendo estudado.

Mesmo querendo deixar de lado os estágios anteriores – teológico e metafísico –, que, supostamente, já foram ultrapassados pela humanidade atual, para ter finalmente uma filosofia positivista, Comté não consegue. Isso deve-se ao fato que é de suma importância considera-los para ter uma análise completa do objeto de estudo, desde as situações que já passaram até a época presente. Nesse sentido, tanto a cultura, a religião e a doutrina social devem ser consideradas no estudo de qualquer fato social em qualquer sociedade e época.

O caráter universalista – objetivo que é almejado pela filosofia positiva – tem seu determinado valor, no sentido de que haverá uma abrangência total dos fenômenos a serem estudados pela tão famosa “Física Social”. Porém, acompanhando os pontos positivos, vêm os pontos negativos: a medida em que se generaliza algo, ocorre a perda da individualidade, um fator primordial, quando se trata sobre fenômenos sociais, em que cada um deles possuem uma circunstância diferente, concedendo lhes um caráter subjetivo, apesar de ser um fenômeno coletivo.

Por mais que muitas pessoas consideram que as ciências da natureza – astronomia, física, química e fisiologia, por exemplo – sem mais complexas que a Sociologia/Física Social não é uma afirmação simples de se fazer. Em razão disto: a Lei da Gravitação (astronomia), a Lei da Inércia (física), a Lei da Conservação de Massas (química) e até mesmo as sinapses nervosas entre os neurônios (fisiologia), que por mais complicadas que sejam, foram explicadas de modo positivo. Entretanto, há inúmeros fenômenos sociais que não foram explicados de modo positivo, seja por sua casualidade, por sua especificidade ou mesmo por falta de informações imprescindíveis. Assim, o fator humano, que por sua vez é de certo modo imprevisível, influencia em qualquer circunstancia social, e não é como ter uma previsão certeira de qual será o desfecho do fenômeno social estudado.

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