domingo, 17 de março de 2024

A negação do pensamento sociológico

    De acordo com C. Wright Mills, em seu livro “A imaginação sociológica”, a visão de mundo de um homem é intrincada às suas experiências pessoais, às pessoas com as quais se relaciona, ao meio e ao contexto histórico em que vive e à toda sua órbita privada em geral. Seguindo a lógica de Mills, o homem primeiramente pensa como indivíduo com valores, interesses e perturbações próprias, para depois aprender a pensar coletivamente — ou sociologicamente —, deixando ao máximo suas convicções de lado para analisar e tentar compreender o mundo e suas transformações — já que tais transformações influenciam direta ou indiretamente a vida de todos os seres humanos.

    Entretanto, nem todos são capazes de entender as complexidades da humanidade, ou sequer tentam o fazer, preferindo permanecer com as suas próprias percepções da realidade, como se elas fossem verdades absolutas e imutáveis. Muitas vezes essa relutância em aceitar a realidade é baseada em preconceitos ou no medo de reconhecer que a sociedade vive em constante mudança. Isso torna-se um problema ainda maior quando as pessoas que resistem em compreender as transformações públicas estão em cargos políticos — ou em qualquer cargo em que se tenha alguma influência direta na humanidade —, tendo como exemplo a aprovação por voto majoritário pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família do Projeto de Lei 5167/09, que proíbe a equiparação de relações homoafetivas ao casamento ou a entidade familiar, que ocorreu no dia 19 de setembro de 2023. Nesse cenário, o deputado federal Pastor Eurico (PL-PE) criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que validou a união homoafetiva e declarou que o casamento tem a reprodução como finalidade, o que exclui a união entre pessoas do mesmo sexo, tratando-a como ilegítima.

    Portanto, pode-se perceber como a negação do pensamento sociológico é nociva à humanidade, principalmente quando é combinada com o poder de interferir nas decisões políticas, podendo ocorrer um regresso significativo no que diz respeito às questões sociais, dando força às ideias preconceituosas presentes em parte da sociedade.


Isadora Carreira Arantes Carvalho - Direito matutino 1º ano - RA: 241220106

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