quinta-feira, 21 de março de 2024

A CORRUPÇÃO NO BRASIL A PARTIR DO FUNCIONALISMO

 

Émile Durkheim foi um sociólogo francês reconhecido por ter fundado o Funcionalismo, corrente que compreende a harmonia e a estabilidade como as bases para o bom funcionamento da sociedade. Com isso, o pensador apresentou dois tipos de solidariedades responsáveis por manter a coesão social: a Solidariedade Mecânica e a Solidariedade Orgânica. Neste texto, vamos priorizar a mecânica, a qual deriva das semelhanças entre os indivíduos, o que cria a chamada consciência coletiva.

Segundo Durkheim, é justamente o senso de igualdade (de pensar e agir) que faz com que os indivíduos se sintam parte do todo e contribuam de maneira positiva para a vida em sociedade. Um crime, de acordo com o sociólogo, nada mais é do que uma transgressão violenta da consciência coletiva, causando ojeriza nos demais indivíduos e enfraquecendo a coesão social. Dessa forma, faz-se necessária a aplicação de uma pena ao transgressor, não para corrigi-lo, mas principalmente para ratificar a força da consciência coletiva e manter a solidariedade social. Caso contrário, a coesão enfraqueceria e a sociedade entraria num estado de anomia, caracterizado pela desintegração das normas sociais.

Atualmente, o Brasil sofre com uma mazela que advém desde o período colonial: a corrupção. Tal problema tem se tornado cada vez mais latente, escancarado e – o pior – institucionalizado. Alvo de promessas políticas e discursos demagógicos, a corrupção, além de tornar o Estado mais ineficiente e dispendioso, é um ato que atenta contra a consciência coletiva e que deveria ser devidamente punido para manter a solidariedade da nação brasileira firme.

Entretanto, apesar de alguns casos culminarem em sanções, a grande impressão da população é que a maior parte dos corruptos nunca são sequer investigados, quiçá punidos, pelos seus atos. Assim, é nítida a instauração de um estado de anomia no país, derivado, justamente, do enfraquecimento da consciência coletiva causado pela noção de impunibilidade. Com isso, a sociedade brasileira torna-se mais frágil, e seus indivíduos perdem o desejo de contribuir positivamente para o seu desenvolvimento, principalmente no que tange o valor da honestidade.

Portanto, em função desse declínio, pode-se compreender uma gama de ações desonestas por parte considerável dos brasileiros no cotidiano, como sonegar imposto, furar fila, falsificar documentos, pirataria e várias outras. Vale ressaltar que este texto não pretende justificar tais atitudes, tampouco colocar a impunibilidade da corrupção como sua única causa. Porém, ao trazer o pensamento durkheimiano para a realidade brasileira contemporânea, entende-se melhor como o fraco combate à corrupção no Brasil impacta diariamente na consciência social e, consequentemente, nas atitudes do brasileiro médio.

 

Tiago Zanola Ferranti, 1º ano - Matutino, RA: 241221366

Nenhum comentário:

Postar um comentário