domingo, 24 de março de 2024

A constante ordem para o caminhar do progresso

É inegável não olharmos para trás mesmo que de forma individual do nosso passado e percebemos o quanto nossas pautas e discussões sociais passaram por transformações nas últimas décadas. Jamais poderia imaginar vivenciar tantos debates importantes para um ordenamento social presenciados ao meu redor. Nascido e educado em uma cidade sem acesso à informação, me deparar com tamanhas discussões universais que carregaram seu protagonismo na conduta da sociedade frente as novas realidades me fazem acreditar que o caminhar é longo, mas que o progresso ainda resiste.

Recordo-me que desde o ensino fundamental ao médio, toda sexta-feira éramos conduzidos ao pátio da escola para o juramento da bandeira. Essa solenidade levava como protocolo o cantar do hino nacional brasileiro com a mão sobreposta sobre o lado direito do peito. As palavras desconhecidas na letra da música levantavam-me alguns questionamentos: quem era o "penhor" mencionado na letra? A igualdade era apenas para os "de braço forte"?  Só obtive essas respostas a partir do momento que comecei a me questionar como cidadão em um escopo social carregado de premissas, fundamentos e partidos enraizados por muitos anos não só no topo da minha árvore genealógica, mas também ao meu redor indireta ou diretamente.

Se para Augusto Comte, filósofo francês do século XIX precisamos colocar nossa racionalidade como lentes para um estudo da sociedade a fim de compreender suas funcionalidades e promover o progresso social para o bem-estar cívico, lá em casa era bem diferente. Nossa fonte de entendimento do mundo lá fora seria um canal televisivo com ruídos de comunicação e falas roteirizadas que dificultavam a busca pela verdade e uma compreensão precisa do que ocorria ao nosso redor.

Será que meus pais sabiam que o amor é por princípio, a ordem por base e o progresso por fim? E se sabiam, porque demoraram para compreender a sociedade como um organismo complexo que demanda não apenas de afeto, mas também de uma estrutura e constante de evolução para o benefício de todos? Por que que a mudança estava acontecendo nas ruas e demorava tanto para surgir efeito dentro de casa?

Foi então que compreendi que a evolução é um processo gradual a partir de rupturas imediatas, demandando não só o tempo para nosso entendimento, mas também o esforço para acolhermos e darmos continuidade dessas mudanças. Talvez minha geração representasse a ruptura do que meus pais viam como verídico. Talvez a geração dos meus pais representasse a ruptura que meus avós pregavam como certo. Talvez a geração dos meus avós representasse a ruptura do que minhas bisavós defendiam como verdadeiro. E agora, qual ruptura posso esperar dos meus futuros filhos em suas novas convicções?

  

 Lucas Vinicius Oliveira / 1 Ano - Direito - Noturno / RA 241224403


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