segunda-feira, 20 de março de 2023

  A influência do direito para a criação de uma perspectiva sociológica 

Uma das interpretações sobre o que é a ciência do direito é que ela é um campo de estudo que nos ajuda a entender e interpretar as leis e normas que regem nossa sociedade. No entanto, se utilizada da maneira correta, ela pode nos ajudar a criar uma nova perspectiva e enxergar o mundo de uma maneira mais profunda, com a ajuda e interpretação dos conhecimentos importados do estudo do direito. 


Segundo o autor Charles Wright Mills, a imaginação sociológica é a capacidade de entender as relações entre a nossa vida pessoal e o contexto histórico em que nos encontramos, o que influencia consideravelmente as estruturas sociais mais amplas e importantes, que têm o poder de ditar padrões seguidos por toda a sociedade. Utilitariamente, é a habilidade de ver a conexão entre nossa história e vidas pessoais e as estruturas políticas, econômicas e culturais que moldam nossa sociedade, como, por exemplo, compreender o porquê da formação do movimento Hippie durante a guerra do Vietnã. A ciência do direito se prova útil no desenvolvimento da imaginação sociológica, pois ela ajuda a entender como as leis e normas determinam o padrão de vida das pessoas e como elas podem ser modificadas para tornar a sociedade mais justa e igualitária.


Também podemos utilizar a tese de Francis Bacon neste exercício de observação, que, por sua vez, defendia que o conhecimento deve ser baseado na observação empírica e na experimentação, utilizando como intermédiario a razão para interpretar os dados coletados. Interpretação especialmente importante no campo do direito, onde juristas tomam decisões que devem ser baseadas principalmente em fatos e evidências. Outra teoria que pode ser aplicada é a teoria contratualista de Jean Jacques Rousseau, que afirmava que a sociedade é criada pelo acordo entre indivíduos livres e iguais, porém ele também apontava que essa igualdade pode ser comprometida pela desigualdade econômica e social. Conhecendo o direito e suas implicações no meio social, também compreendemos as desigualdades existentes na sociedade e podemos criar leis e normas que as combatam. 


Resumidamente, ao aliarmos a ciência do direito com o conceito de imaginação sociológica, afiamos nossa compreensão dos arredores, do meio jurídico e da influência direta do contexto histórico em que vivemos para afastarmos nossa visão de mundo de uma perspectiva rasa e superficial, possibilitando uma análise mais precisa do mundo externo, observando como isso influencia em nosso dia a dia e como alterar este cenário de maneira a diminuir as injustiças sofridas pelas classes sociais. 


Afonso da Silva Ferreira - 1º ano de Direito - Matutino

RA: 231223242

A ciência do direito na formação do mundo

 

A ciência do direito me ajuda a olhar para o mundo destrinchando o mesmo em vários, de acordo com diferentes pensadores, os quais auxiliam na didática necessária para o entendimento de algo tão amplo e repleto de juízos de valor. Por exemplo, para entender o mundo dos diversos trabalhadores que vêm perdendo de maneira constante seus direitos nos últimos anos, mas não se queixam, recorro as explicações de C. Wright Mills, o qual defende a ideia de que o indivíduo só pode compreender sua própria experiência e avaliar seu próprio destino localizando-se dentro de seu período. Sendo assim, compreendo que de nada adianta aderir a causa de algo ou alguém sem a certeza da plena noção do próprio acerca da sua condição perante o resto da sociedade, uma vez que uma sociedade que não entende quais tipos de indivíduos irão predominar dentro da lógica vigente é caracterizada, por Mills, como parte de um estudo que não completou sua jornada intelectual.

 Por outro lado, discordo que todos os tipos de estudos sobre as sociedades que contém os indivíduos inconscientes da sua própria localização no seu período não completaram sua jornada intelectual e, para tal, usufruo de Francis Bacon, o qual defende que não se recusem as filosofias que nutram as disputas, ornem discursos, sirvam os professores e provejam as demandas da vida civil. Além disso, saliento o fato, apresentado por Bacon, de que absolutamente nenhuma forma de saber é completamente segura, logo, até a concepção de que a localização dentro de seu período leva a clarividência é passível de questionamento e deve permanecer sendo questionada.

 Portanto, a partir da ciência do direito, entendo que o mundo divide-se sempre entre os predominantes da lógica vigente e os seus complacentes alienados. Porém, compreendo que os predominantes não se materializam do nada, pois são fruto dos questionamentos da ciência do direito que, apesar de não conseguir subverter a condição presente instantaneamente, cria nas disputas e aulas dos professores o entendimento necessário para completar a jornada intelectual de um estudo gerador dos novos perseverantes.

Guilherme Nunes de Melo Santini Trevisan, 1° Ano de Direito- "Como a ciência do direito me ajuda a olhar para o mundo?"

Um olhar para fora

 

Quase todos começam pelo mesmo motivo

O senso construído de justiça no imaginário de cada um

Um certo tipo de refúgio para o individual, um abrigo

O anseio por haver algum sentido, que a vida deixe de ser comum

 

A ciência da prudência me faz ver o mundo de qual forma?

Um mundo mecanizado feito de regra, acordo, norma?

Será que essa ciência humana está se distanciando da humanidade?

Onde começo a aprender sobre mudar a realidade?

 

Um anseio gritante de uma dinâmica da transformação

Um anseio gritante por mudar o que até ontem me foi apresentado como chão

Será que eu possuo mesmo a capacidade de ir além de meus limites individuais?

Será que assim como Rodin na arte, eu posso, eu consigo esculpir problemas sociais?

 

Tantas dúvidas que parecem mais do que meu espírito admite

Será que eu encontro essas respostas na língua viva-morta, o latim?

Será que a qualidade para deixar de ser alheio e perceber o mundo fora de mim

É maior que meu limite?

 

Em que ponto minha individualidade realmente existe?

Minha mãe me ensinou a tirar o boné na hora do jantar

A atravessar a rua somente quando o semáforo fechar

Em que toda essa confusão realmente consiste?

 

 

Maria Eduarda S. Lago

1º Ano Direito (Noturno)

RA: 231221037