quarta-feira, 3 de maio de 2023

A consciência do homem: entre a Reificação e a distinção dos animais.

"A produção das ideias, das representações e da consciência está intimamente ligada à atividade material". Tal ponderação citada por Karl Marx, é congruente ao diferenciar os humanos dos animais, posto que  ao começarem a produzir seus meios de existência, produziram indiretamente  seus meios materiais e suas próprias consciências. No entanto, a partir do momento que surge o Capitalismo com as Revoluções Industriais, por conseguinte, aparece uma classe trabalhadora  que passa a ser subordinada, alienada, precificada e, principalmente, tratada como objeto- o que Marx conceituou como "Reificação do Homem". Por isso, questiona-se: o homem realmente adquiriu consciência a partir da atividade material ou isso é apenas uma utopia?

       Em "A Corrosão do Caráter" de Richard Sennett, Rico, um homem que vive num mundo-altamente caracterizado pela flexibilidade, relações de "curto prazo", instabilidade e desconfiança- é uma prova da quão inconsciente o ser humano pode ser (ou pode parecer), especialmente, quando não fala que foi demitido, mas que enfrentou uma crise e teve que tomar uma decisão. Ele, na verdade, assumiu uma responsabilidade como se fosse culpa dele, o que não é, já que isso faz parte da sociedade e do sistema econômico do qual ele vive-a objetificação e fácil eliminação daquele que não é mais útil. E, também, a culpabilização daquele que é a verdadeira vítima da história.

         No mesmo livro, é possível analisar Enrico, pai de Rico, que viveu em um mundo completamente contrário, pós Guerras Mundiais, pós Grande Depressão, com um Estado forte e centralizado, sindicatos bem organizados. Esse meio material influenciou a sua condição de existência, uma vida linear, engessada, fordista, rígida, disciplinada e, sobretudo, um pouco mais consciente sobre sua classe social, seu aspecto de oprimido. Isso o induziu a criar seu filho de forma sistemática, prezando para que ele pudesse ascender socialmente e um dia ser parte da classe dominante. O que o pai não imaginava era que ao seu filho ser parte dessa "nova classe", iria ter vergonha de suas origens e que, também sofreria, de outras formas (com demissões) em relação aos opressores.

          Destarte, a consciência ainda é limitada, mesmo que Marx justifique que seja o fator que nos diferencie em relação aos animais. Isso porque há uma alienação na própria criação dos meios de existência e nos meios materiais, como acontece com Rico, quando se vê culpabilizando a si mesmo por ter sido demitido. E isso é muito relacionado com o próprio sistema financeiro, a curto-prazo, instável, reificado.

            Isabela Junqueira, 1° ano Direito (Matutino)

            RA: 231223315

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