quarta-feira, 12 de abril de 2023

POSITIVISMO HOJE: A NEGAÇÃO DO SUBJETIVO E DO PENSAMENTO AVANÇADO


 

  Em um contexto de grandes mudanças na estrutura da sociedade como um todo, denominado “Primavera dos povos”, surge uma corrente de pensamento que valoriza, acima de tudo, a razão e a aplicação do método científico para explicar a revolução decorrente do momento.

  O Positivismo foi criado pelo francês Auguste Comte, com o intuito de validar apenas o método científico para a obtenção de teses. Comte defendia que apenas o conhecimento concreto, ou seja, o qual poderia ser provado por meio de demonstrações rápidas e pontuais, seria válido para a aquisição de conhecimento. 

  Ademais, o pensador percebeu que não havia uma ciência que explicasse os fenômenos sociais decorrentes da Revolução Francesa, da Revolução Industrial e da Primavera dos
Povos. Por isso, criou a Sociologia, a qual teria como objeto de estudo o comportamento e as ações da sociedade, e as devidas consequências. Esta foi considerada uma "física social", uma vez que deveria analisar os fatos humanos como se fossem leis imutáveis e aplicáveis a todos os contextos, como as Leis de Newton.


  Apesar de ser considerada uma ideia equivocada para explicar fenômenos decorrentes
diretamente da ação humana, os ideais positivistas ainda são muito presentes na sociedade contemporânea. O movimento da extrema-direita, fortalecido na França, na Itália e no Brasil, usa como base de projeto político e de retórica argumentativa os princípios positivistas da ordem necessária para o progresso. Como ordem, eles consideram que cada ser deve saber o seu lugar social e segui-lo estritamente, sem possibilidade de ascensão. Outra premissa positivista é aplicada no debate sobre sexos: ao observar apenas os órgãos genitais, encontram-se dois sexos. Porém, o Positivismo não considera o subjetivo, que está presente no que cada ser humano pensa sobre sua sexualidade e na capacidade de defini-la por conta própria.

  Um outro exemplo válido é a campanha anti-imigração entre países do Leste europeu, como a Hungria.  Seu ex-presidente, Victor Orban, defendeu no mandato que os estrangeiros não deveriam ingressar em seu país, pois não tinham a nacionalidade húngara e seriam tratados como inferiores para não prejudicar os nascidos no território. Portanto, segundo ele, algo registrado em um documento define quem pode ou não viver em um determinado local, e não o sentimento de pertencimento ou a necessidade de um abrigo.


Matheus Barboza Galatte, 1° ano matutino

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