segunda-feira, 10 de abril de 2023

O Racismo Estrutural como Fato Social

A intolerância racial tem sido uma constante na vida social do Brasil desde a época da colonização, mas nunca se havia falado tanto sobre esse assunto quanto agora. O que antes estava escondido sobre a fachada de um país unido e sem preconceitos tem sido revelado e discutido como a problemática que deve ser. Neste aspecto, o chamado racismo estrutural tem ganhado muito destaque: ao invés de uma violência explícita, o que se observa são pequenas ações e comportamentos que perpetuam preconceitos e justificam a discriminação de determinados grupos.


Pensando na teoria de Durkheim, o racismo se apresenta em nossa sociedade enquanto um fato social, ou seja, um mecanismo que busca manter os oprimidos na margem, fortalecendo as estruturas sociais que permeiam a sociedade. Este país, tendo sido construído sobre um sistema escravista e colonial, possui institutos sociais que se destinam a preservar as hierarquias de poder que surgiram a partir deste sistema (por exemplo, os grandes latifundiários e a exploração de recursos no topo e os povos originários na base). São comportamentos aparentemente inofensivos que delimitam pessoas negras e pardas a um determinado papel social (o de empregado, bandido, marginalizado) tendo em vista que, em uma estrutura de origem escravista, isto é tudo o que lhes compete.


Podemos observar como um jovem negro tem muito mais chances de ser abordado pela policia do que um jovem branco; como pessoas negras tendem a ser vigiadas mais de perto por seguranças dentro de lojas. Muitas vezes, para ter uma imagem de profissionalismo é necessário ter cabelos lisos, já que tranças e cabelos crespos passam uma imagem de “bagunça”. Todos estes são exemplos de como o racismo está incluído na vida cotidiana; mesmo que não se tenha a intenção individual de discriminar alguém, o fato social é geral, parte do coletivo para reprimir possíveis anomalias na ordem vigente.


Desta forma, mesmo quando algum indivíduo consegue romper esta estrutura, chegando a espaços que não lhe foram destinados, a sociedade como um todo o verá como uma ameaça a harmonia, um “corpo fora de lugar”, como diz Grada Kilomba ao falar de sua vivência enquanto parte de um grupo oprimido em meio acadêmico. A pesquisadora diversas vezes teve seus discursos invalidados por não serem “neutros”, por não seguirem os métodos estabelecidos pelos colonizadores para observar a realidade de um colonizado. Assim qualquer forma de se romper com este fato social, como, por exemplo, a questão das cotas raciais em universidades (que são discutidas com hostilidade por muitas pessoas por trazerem pessoas da margem para lugares de poder), sofre sanções da sociedade, visto que busca amenizar as desigualdades que justificam a organização da vida social.



Ana Paula de Souza


RA: 231221029


1º Direito matutino


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