O positivismo nos dias de hoje - uma ferramenta de manutenção.

  O positivismo é uma corrente de pensamento desenvolvida principalmente por Augusto Comte (1798-1857) que pretende observar o estágio final da construção do conhecimento. Assim, ao se falar do positivismo dentro da filosofia, o autor o observa como um amadurecimento do espírito humano. Dessa forma, a corrente é fundamentada em Descartes e Francis Bacon, marcos da positivação da ciência. A partir daí, se é colocado o conceito de “física social”, a qual se propõe por estudar os fenômenos sociais através de lentes parecidas com as que levam os estudos das ciências naturais, é feita uma busca por uma “neutralidade científica” dentro das Ciências Sociais.

Assim, para o pensamento positivista, há em qualquer análise um objeto límpido por trás de sua observação, se assim você se filtrar de valores. Primeiramente, ao se estudar tal afirmação, nota-se uma contradição, pois, no momento em que se escolhe um objeto de estudo, já se está perdendo a neutralidade pregada anteriormente, então acaba-se por ser impossível para um ser humano se tornar completamente neutro em razão do que se está analisando.

Partindo-se de tais pressupostos, o positivismo não acredita, ou mesmo se preocupa, com questões metafísicas, que exijam uma posição mais crítica, ou também com as mudanças sociais acontecidas, que possam levar a uma diferença no ordenamento ou organização social, pois para eles a primeira questão os faz perder a posição de “absoluta ciência” e a segunda expressa algo que a corrente busca sempre evitar, que é a ascensão de uma classe mais baixa e um risco à classe dominante.

Tendo como base tais noções, o positivismo pode ser observado como um caminho teórico muito perigoso para os dias atuais, pois ao buscar sua já mencionada neutralidade, não traz consigo em suas análises partes importantes para se entender situações sociais, como por exemplo, ao se analisar a ascensão do nazismo, o positivista – aqui dando-se maior enfoque ao positivista jurídico – não se concerne com a análise da justiça social do sistema, pois, ao se conter aos fatos, apenas observa o direito chancelado, e, portanto, considera-o justo.

Ademais, o positivismo luta, até hoje, para a manutenção do ordenamento social, como se é exemplificado no cenário brasileiro, ao se ouvir falas, por exemplo, do ex-ministro da Economia, que defendia a alta taxa de câmbio, visto que “Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada.”

Assim, nota-se como o positivismo ainda se faz presente na sociedade atual, apesar de representar uma forma de pensamento ultrapassada e discriminatória, por ser um modo de manutenção de poder das elites e também uma justificativa “científica” para a destilação de preconceitos. 

Vitor Hugo Garcia da Silva – RA: 231224435 (Noturno)