segunda-feira, 3 de abril de 2023

Existe positivismo nos dias de hoje?

 

O filósofo francês Auguste Comte, nascido no final do século XVIII, foi um importante filósofo que contribuiu para o desenvolvimento de uma nova ciência que na atualidade é conhecida como sociologia. Em sua época, as grandes ciências eram em grande maioria da área de exatas (matemática, física, astronomia), mas segundo Comte, a existência de uma ciência que tivesse como objeto de estudo a sociedade era tão necessária quanto a existência das ciências já existentes na época. Dessa forma, o autor francês desenvolve sua teoria em que existiria uma “física social” responsável por compreender a sociedade e suas relações.

Por ter vivido em um contexto histórico em que as ideias iluministas estavam em decadência e o cientificismo ganhando destaque, Comte, influenciado pelo cientificismo, acreditava que o conhecimento científico seria a única forma de conhecimento real. Assim, ele desenvolveu sua principal teoria, juntamente com outros filósofos que ajudaram a aperfeiçoá-la, o positivismo. Seu lema era “o amor por principio, ordem por meio e progresso por fim” e tinha como metodologia a observação dos fenômenos. Outra ideia importante da teoria comtiana é a “Lei dos Três Estados”, Teológico (estado no qual as pessoas acreditam em seres sobrenaturais), Metafísico (estado no qual o senso comum explicaria os fenômenos) e Positivo (estado no qual a ciência é vista como verdade absoluta).

O positivismo, que ganha influencia mundial, acaba chegando ao Brasil e influenciando até mesmo na formação da bandeira nacional, com parte de seu lema “ordem e progresso”. Posteriormente, mas com menos intensidade, o positivismo continua influenciando na política brasileira, como nos tempos da Primeira República, visto que o primeiro presidente do Brasil tinha fortes influencias positivistas. Ainda no século XXI, é possível reconhecer traços remanescentes do engajamento positivista original presentes na sociedade atual. Como na pandemia de COVID 19, em 2020, com a fala do próprio ex-presidente, afirmando que uma gripezinha não poderia impedir o país de continuar movimentando sua economia plenamente, como se não houvesse pessoas adoecendo, assim fica explícito que a “ordem e o progresso” estariam acima do bem estar da população.

Com isso, fica evidente a forma como o positivismo se faz presente na atualidade, valorizando somente a “ordem e progresso” desvalorizando o “amor “ por princípio, pontuado por Comte, contribuindo, assim, para a manutenção do poder de forma hierárquica e movimentos extremistas.

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