sábado, 23 de abril de 2022

O positivismo e sua influência no Brasil

    O positivismo influenciado pelo iluminismo, foi elaborado inspirado no ideal de progresso das sociedades e humanidade, progredindo constantemente, inspirada nas leis da natureza, é orientado pela ciência, buscando elaborar a divisão das ciências. Sendo considerado como "física social" promove o mundo humano e o materialismo em detrimento da metafísica e o mundo religioso.
     É certo que o positivismo defende o conhecimento científico como forma de conhecimento verdadeiro, e que a partir desse conhecimento é possível explicar leis da física, ética e relações sociais. Convém notar, no entanto, que a ideia se contradiz atualmente, uma vez que os ufanistas se orgulham da bandeira dizendo "ordem e progresso" e na prática são totalmente retrógados em relação a ciência e ideias sociais progressistas.
    A teoria histórica de Comte possibilitou um grande desenvolvimento ideológico, político e social,  para o Brasil, a defesa de liberdade individual e referências positivistas trazidas pelos militares na época da Primeira República agradaram parte do povo brasileiro. A filosofia positivista buscava racionalizar a moral, conservando aspectos de moralidade cristã, entretanto, o seu cultivo e andamento no Brasil não evoluiu como devia, visto que parte do povo aclama manifestações contra democracia, espalham fake news contra a ciência, e está condicionando com as ideias conservadoras em relação a Igreja e moral. 
    A ideia estampada na bandeira de "ordem e progresso" se mancha cada vez mais, dado que sua história de desigualdade é minimizada sobre vozes conservadores contra o tal "progresso". A moral e os preceitos defendidos pelo positivismo geram influencia na sociedade atual, que usam o fundamentalismo como desculpa para poder ser racista, homofóbica e desigual, pois para o positivismo é natural que haja pobres e ricos, pois os ricos tiveram maior capacidade para alcançar esse status. 
    Em suma, é muito inadequado aderir o positivismo como ideário acreditando que seus valores se aplicam ao dia-a-dia, posto que atualmente o poder político se encontra nas elites conservadores, minimizando e reprimindo movimentos populares que são de caráter realmente inovador, aberto e que realmente visam o progresso do povo brasileiro.

1º ano de Direito - noturno
Isis Lara Bento Schiavom

Não quero o Brasil acima de tudo

Não quero o Brasil acima de tudo

Quero um Brasil sem fome e sem guerras

E se Deus está acima de todos

Que ele acabe com o mal dessas terras


Não quero o Brasil acima de tudo

Eu quero poder amá-lo

Que a neo ditadura encontre seu túmulo

Pois não quero ser obrigado a deixá-lo


Não quero o Brasil acima de tudo

Abaixo à militarização

quero um Brasil social e humano

Por um Estado com mais educação


Não quero o Brasil acima de tudo

Não quero a bandeira queimar

Mas eu a queimo se for preciso

Pra te ensinar o poder de votar


Não quero o Brasil acima de tudo

Jogue no lixo seu voto impresso

Quero poder ser quem sou

Quero o fim da desordem e do regresso


Não quero o Brasil acima de tudo

Acima de tudo quero o povo

Que Deus esteja acima de todos

Para consagrar um governo novo


Henrique de Carvalho - 1º ano de Direito (Noturno)



A nação acima do positivo

    Ordem e Progresso. Uma das máximas positivistas, mas, além disso, o lema estampado no centro da bandeira brasileira. Tal inscrição faz pensar que seria comum ao país a busca pelo positivismo, a criação baseada na apreciação sistemática, e que cada dia menos seria vista a inclinação aos ídolos e à moral religiosa, mas não é isso que se encontra na realidade brasileira. Se for analisado o cenário político brasileiro, a forte presença de religiosidade e o compartilhamento de fake news são comuns dentre os representantes do Estado, nas esferas municipais, estaduais e principalmente na federal, o que causa um afastamento daquilo defendido por Auguste Comte.

     Ademais, retomando o fim do século XIX e o início do XX, quando os ideais da bandeira foram apresentados aos brasileiros e tiveram imposição no cotidiano, analisa-se que não se conseguia manter o positivismo firme na sociedade. A constante tentativa de adquirir os costumes, desde a vestimenta até a forma de se estudar, fez com que se fosse mascarada a realidade brasileira, sendo ela falsamente aproximada ao progresso positivista. O que aconteceu, de fato, foi o aumento do “jeitinho brasileiro”, que é entendido como uma forma de se burlar leis e regras, sendo um exemplo de subversão da ordem e do progresso, além do afastamento dos ideais de felicidade e trabalho defendidos por Comte, ao sobrepor o individualismo ao bem público. 

   Com isso, o Brasil mostra-se como elemento de estudo para o positivismo ao ser capaz de corromper seus ideias desde seu primeiro contato com a população no país e cria a dúvida da capacidade de ser instaurado num local onde se prefere a manutenção de morais distorcidos e do bem singular acima do progresso, subvertendo o que deveria ser o foco da sociedade.

Maria Julia Pascoal da Silva 

Direito matutino- primeiro ano

 

Triste, Louca ou Má: uma canção sobre a subversão feminina quanto aos valores

 

“Sad, mad or Bad” ou “Triste, louca ou má” é uma frase que de forma pejorativa se refere às mulheres que escolhem a opção de serem solteiras, de não se reproduzirem ou de simplesmente não seguirem os valores da mulher na sociedade. O positivismo, ou física social positiva, se vale muito da “realidade como ela é”, mas tem como base a moral (para Comte, universalizou-se pelo cristianismo) e o valores. Assim, em um recorte sobre as mulheres, temos que socialmente, elas são feitas para a reprodução conforme interpretação cristã, a moral define que a mulher deve portar-se como mulher. Ou seja, aquela que oferece o progresso da sociedade através da natalidade e do cuidado para com o lar e o homem.

Contudo, a canção de Francisco, el Hombre aborda uma mulher subversiva:

Triste, louca ou má
Será qualificada ela
Quem recusar
Seguir receita tal

A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina

Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem, não sem dores
Aceita que tudo deve mudar” (...)

Nos versos acima tem-se uma figura feminina que está rejeitando alguns padrões culturais e assim está sendo julgada. No entanto, o eu lírico apoia essa subversão (Quem, não sem dores, aceita que tudo deve mudar). A pessoa retratada na canção seria a contradição de “amor por princípio”, que Comte esboça, pois como mulher, ela não cumpre o papel social a ela predestinado. Sendo assim, a rejeição pelos valores, nesse caso, o ventre frutífero e o matrimônio, é também uma rejeição ao positivsmo imposto pela sociedade.

Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?

 

Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?

O Positivismo, ciência social criada por Auguste Comte em meados do século XIX após as crises sociais que explodiram na europa, pode ser dada como a corrente de pensamento mais evoluída para o estudo e compreensão da sociedade. Com a sua linha de pensamento pautada na ideia de que a humanidade deve sempre ser ordenada ao progresso, através do estudo empírico, administrada pela Metodologia cientifica, em substituição das ideias meramente teológicas sem embasamento advindo da razão.

 Todavia, ainda que esta corrente se apresente como a mais coerente, é necessário destacar que sua aplicabilidade pode ser tida como um tanto embaraçosa, pois sua análise supérflua ignora as dinâmicas sociais individuais de cada sociedade e, além disso, não busca analisar problemáticas ascendentes na atualidade através de seu fundamento histórico, ou seja, a natureza destas agruras são, simplesmente, ignoradas. Em outras palavras, o Positivismo não visa analisar os fenômenos sociais de forma individual, pois acredita apenas na defesa da moral, centralidade e normalização, tendo estes fenômenos como peças que movimentam a grande máquina chamada “Sociedade”.  Sendo assim, pode se dizer que os problemas sociais que hoje perduram, não possuem auxílio algum do positivismo para sua compreensão. Logo, um questionamento que deveria ser pautado é: O Positivismo é uma ciência social ou é a ciência de apenas algumas sociedades?

Um país capaz de exemplificar esta ideia é o Brasil, pois a construção da República no país foi fundamentada nas ideias positivistas e, atualmente, é estampada em sua bandeira o conceito de “Ordem e progresso” como lema do povo brasileiro. No entanto, como é possível estabelecer o que é Ordem em um país com tantas disparidades historicamente prejudiciais para o “progresso” de sua sociedade? Ademais, o que foi estabelecido como “progresso”? A resposta para isto seria sustentada através do conservadorismo defendido pelo positivismo e a centralidade num padrão de sociedade que siga os preceitos morais por ele estabelecido, no entanto, estes não respeitam as divergências ou os movimentos sociais do país. Para as ideias de Comte, racismo, homofobia, desigualdades sociais e demais preconceitos são consequências naturais que emergem durante o desenvolver da sociedade. Deste modo, os movimentos que visam mitigar estas agruras são tidos apenas como subversões do progresso e perturbam a ordem natural.

Assim, percebesse o quão equivocado é assumir o Positivismo como guia para o desenvolvimento da humanidade, uma vez que suas ideias não buscam atender aos divergentes fenômenos sociais, apenas estabelecer um padrão de sociedade ideal, baseado numa sociedade europeia encontrada pós Revolução Industrial.


Isabella Carvalho Silva 

Direito - Matutino | Turma XXXIX


Comte e o positivismo

 O positivismo foi um movimento filosófico surgido no século XIX que defendia fortemente o uso de métodos científicos baseados na experimentação como única forma de proporcionar o verdadeiro conhecimento da sociedade. Auguste Comte, o filósofo francês, é considerado o pai do positivismo.


O positivismo é uma filosofia que interpreta o universo social com a intenção de buscar as leis imutáveis ​​que regem a sociedade. Essa "física social", inspirada nas leis da natureza, foi desenvolvida durante a Revolução Industrial e o Iluminismo. Assim, sua principal fonte de defesa para o argumento foi que o conhecimento produzido pela ciência é o melhor tipo de conhecimento para identificar problemas sociais.


Segundo a teoria de Comte, a ciência social deve ser rigorosa, visando dotar a sociologia de características científicas universalmente válidas, sempre baseadas em experimentos, para explicar corretamente os fenômenos sociais. Todas essas buscas de conhecimento são para ordem e progresso. Para tanto, deixou de lado o bom senso e o conhecimento religioso, apoiando-se inteiramente na ciência.


No Brasil o positivismo só ganhou força no final do século XIX e início do século XX, quando as ideias de Comte foram exploradas por pensadores brasileiros e levaram à instauração da República brasileira. O lema "Ordem e Progresso" na bandeira brasileira não é sem razão, referindo-se à concepção de mundo, ciência e sociedade de Comte.


Giovanna Cayres - noturno 

Positivismo, equilíbrio rumo ao progresso ou a manutenção do regresso?

Augusto Comte foi um filósofo francês, que desde novo possuía um olhar inovador. Mas seus ideais não foram bem recebidos de início, por isso foi expulso da escola em que estudava, por incentivar e liderar manifestações entre os alunos.

Sua ideologia foi modelada através de diferentes experiências, dentre elas: a marcha progressiva constante, que indicava que a sociedade sempre rumava ao progresso; suas obras que já percebiam certas semelhanças entre as ciências da natureza e a ciência da sociedade; a situação em que a Europa se encontrava devido à revolução industrial, dentre outros inúmeros casos.

Seus ideais foram tão dispersados pelo mundo, que movimentos brasileiros utilizaram suas doutrinas. Um exemplo disso foi a Primeira República brasileira, que inclusive deu origem ao lema positivista de nossa bandeira “Ordem e Progresso”, que até hoje influencia diversos conservadores, que acreditam que o progresso da sociedade só pode ser obtido através da ordem estática.

Porém, percebe-se nos dias atuais que grande parte da população contraria tais argumentos, o que causa grande incômodo para os conservadores. Para Comte, os revolucionários estão prejudicando a ordem da sociedade, e por isso impedindo o progresso da mesma. Mas tal pensamento não pode ser aceito nos dias atuais, tendo em vista o leque de conquistas que foram feitas devido às revoluções, dentre elas: a Revolução francesa, que pôs fim aos privilégios abusivos da nobreza, às revoluções que buscaram igualdade de gênero, que ainda estão ocorrendo inclusive, dentre outras.

Segundo a teoria de Comte, a sociedade visava a solidariedade, a felicidade do coletivo em detrimento da felicidade individual, e por este motivo, diversos regimes capitalistas utilizaram essa teoria para justificar as situações precárias em que o proletariado se encontrava.

Logo, percebe-se a importância dessa corrente, principalmente por ser uma das primeiras a estudar as relações sociais. Porém, ela pode ser extremamente perigosa quando aplicada em regimes capitalistas, devido à sua alienação das classes operárias, além de justificar abusos com o argumento de solidariedade.


Bruno Issamu Ishioka. 1° ano Direito Matutino.