Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
sábado, 23 de abril de 2022
O positivismo e sua influência no Brasil
Não quero o Brasil acima de tudo
Não quero o Brasil acima de tudo
Quero um Brasil sem fome e sem guerras
E se Deus está acima de todos
Que ele acabe com o mal dessas terras
Não quero o Brasil acima de tudo
Eu quero poder amá-lo
Que a neo ditadura encontre seu túmulo
Pois não quero ser obrigado a deixá-lo
Não quero o Brasil acima de tudo
Abaixo à militarização
quero um Brasil social e humano
Por um Estado com mais educação
Não quero o Brasil acima de tudo
Não quero a bandeira queimar
Mas eu a queimo se for preciso
Pra te ensinar o poder de votar
Não quero o Brasil acima de tudo
Jogue no lixo seu voto impresso
Quero poder ser quem sou
Quero o fim da desordem e do regresso
Não quero o Brasil acima de tudo
Acima de tudo quero o povo
Que Deus esteja acima de todos
Para consagrar um governo novo
Henrique de Carvalho - 1º ano de Direito (Noturno)
A nação acima do positivo
Ordem e Progresso. Uma das máximas positivistas, mas, além disso, o lema estampado no centro da bandeira brasileira. Tal inscrição faz pensar que seria comum ao país a busca pelo positivismo, a criação baseada na apreciação sistemática, e que cada dia menos seria vista a inclinação aos ídolos e à moral religiosa, mas não é isso que se encontra na realidade brasileira. Se for analisado o cenário político brasileiro, a forte presença de religiosidade e o compartilhamento de fake news são comuns dentre os representantes do Estado, nas esferas municipais, estaduais e principalmente na federal, o que causa um afastamento daquilo defendido por Auguste Comte.
Ademais, retomando o fim do século XIX e o início do XX, quando os ideais da bandeira foram apresentados aos brasileiros e tiveram imposição no cotidiano, analisa-se que não se conseguia manter o positivismo firme na sociedade. A constante tentativa de adquirir os costumes, desde a vestimenta até a forma de se estudar, fez com que se fosse mascarada a realidade brasileira, sendo ela falsamente aproximada ao progresso positivista. O que aconteceu, de fato, foi o aumento do “jeitinho brasileiro”, que é entendido como uma forma de se burlar leis e regras, sendo um exemplo de subversão da ordem e do progresso, além do afastamento dos ideais de felicidade e trabalho defendidos por Comte, ao sobrepor o individualismo ao bem público.
Com isso, o Brasil mostra-se como elemento de estudo para o positivismo ao ser capaz de corromper seus ideias desde seu primeiro contato com a população no país e cria a dúvida da capacidade de ser instaurado num local onde se prefere a manutenção de morais distorcidos e do bem singular acima do progresso, subvertendo o que deveria ser o foco da sociedade.
Maria Julia Pascoal da Silva
Direito matutino- primeiro ano
Triste, Louca ou
Má: uma canção sobre a subversão feminina quanto aos valores
“Sad, mad or Bad” ou
“Triste, louca ou má” é uma frase que de forma pejorativa se refere às mulheres
que escolhem a opção de serem solteiras, de não se reproduzirem ou de simplesmente
não seguirem os valores da mulher na sociedade. O positivismo, ou física social
positiva, se vale muito da “realidade como ela é”, mas tem como base a moral (para
Comte, universalizou-se pelo cristianismo) e o valores. Assim, em um recorte sobre
as mulheres, temos que socialmente, elas são feitas para a reprodução conforme
interpretação cristã, a moral define que a mulher deve portar-se como mulher.
Ou seja, aquela que oferece o progresso da sociedade através da natalidade e do
cuidado para com o lar e o homem.
Contudo, a canção de
Francisco, el Hombre aborda uma mulher subversiva:
“Triste,
louca ou má
Será qualificada ela
Quem recusar
Seguir receita tal
A receita cultural
Do marido, da família
Cuida, cuida da rotina
Só mesmo rejeita
Bem conhecida receita
Quem, não sem dores
Aceita que tudo deve mudar” (...)
Nos versos acima tem-se
uma figura feminina que está rejeitando alguns padrões culturais e assim está
sendo julgada. No entanto, o eu lírico apoia essa subversão (Quem, não sem
dores, aceita que tudo deve mudar). A pessoa retratada na canção seria a
contradição de “amor por princípio”, que Comte esboça, pois como mulher, ela
não cumpre o papel social a ela predestinado. Sendo assim, a rejeição pelos valores, nesse caso, o ventre frutífero e o matrimônio, é também uma rejeição ao positivsmo imposto pela sociedade.
Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?
Ciência Social ou Ciência para algumas sociedades?
O Positivismo, ciência social
criada por Auguste Comte em meados do século XIX após as crises sociais que explodiram
na europa, pode ser dada como a corrente de pensamento mais evoluída para o
estudo e compreensão da sociedade. Com a sua linha de pensamento pautada na ideia
de que a humanidade deve sempre ser ordenada ao progresso, através do estudo
empírico, administrada pela Metodologia cientifica, em substituição das ideias meramente
teológicas sem embasamento advindo da razão.
Todavia, ainda que esta corrente se apresente
como a mais coerente, é necessário destacar que sua aplicabilidade pode ser
tida como um tanto embaraçosa, pois sua análise supérflua ignora as dinâmicas
sociais individuais de cada sociedade e, além disso, não busca analisar problemáticas
ascendentes na atualidade através de seu fundamento histórico, ou seja, a natureza
destas agruras são, simplesmente, ignoradas. Em outras palavras, o Positivismo não
visa analisar os fenômenos sociais de forma individual, pois acredita apenas na
defesa da moral, centralidade e normalização, tendo estes fenômenos como peças
que movimentam a grande máquina chamada “Sociedade”. Sendo assim, pode se dizer que os problemas sociais
que hoje perduram, não possuem auxílio algum do positivismo para sua compreensão.
Logo, um questionamento que deveria ser pautado é: O Positivismo é uma ciência
social ou é a ciência de apenas algumas sociedades?
Um país capaz de exemplificar
esta ideia é o Brasil, pois a construção da República no país foi fundamentada
nas ideias positivistas e, atualmente, é estampada em sua bandeira o conceito
de “Ordem e progresso” como lema do povo brasileiro. No entanto, como é possível
estabelecer o que é Ordem em um país com tantas disparidades historicamente prejudiciais
para o “progresso” de sua sociedade? Ademais, o que foi estabelecido como “progresso”?
A resposta para isto seria sustentada através do conservadorismo defendido pelo
positivismo e a centralidade num padrão de sociedade que siga os preceitos
morais por ele estabelecido, no entanto, estes não respeitam as divergências ou
os movimentos sociais do país. Para as ideias de Comte, racismo, homofobia, desigualdades
sociais e demais preconceitos são consequências naturais que emergem durante o
desenvolver da sociedade. Deste modo, os movimentos que visam mitigar estas agruras
são tidos apenas como subversões do progresso e perturbam a ordem natural.
Assim, percebesse o quão equivocado
é assumir o Positivismo como guia para o desenvolvimento da humanidade, uma vez
que suas ideias não buscam atender aos divergentes fenômenos sociais, apenas estabelecer
um padrão de sociedade ideal, baseado numa sociedade europeia encontrada pós
Revolução Industrial.
Isabella Carvalho Silva
Direito - Matutino | Turma XXXIX
Comte e o positivismo
O positivismo foi um movimento filosófico surgido no século XIX que defendia fortemente o uso de métodos científicos baseados na experimentação como única forma de proporcionar o verdadeiro conhecimento da sociedade. Auguste Comte, o filósofo francês, é considerado o pai do positivismo.
O positivismo é uma filosofia que interpreta o universo social com a intenção de buscar as leis imutáveis que regem a sociedade. Essa "física social", inspirada nas leis da natureza, foi desenvolvida durante a Revolução Industrial e o Iluminismo. Assim, sua principal fonte de defesa para o argumento foi que o conhecimento produzido pela ciência é o melhor tipo de conhecimento para identificar problemas sociais.
Segundo a teoria de Comte, a ciência social deve ser rigorosa, visando dotar a sociologia de características científicas universalmente válidas, sempre baseadas em experimentos, para explicar corretamente os fenômenos sociais. Todas essas buscas de conhecimento são para ordem e progresso. Para tanto, deixou de lado o bom senso e o conhecimento religioso, apoiando-se inteiramente na ciência.
No Brasil o positivismo só ganhou força no final do século XIX e início do século XX, quando as ideias de Comte foram exploradas por pensadores brasileiros e levaram à instauração da República brasileira. O lema "Ordem e Progresso" na bandeira brasileira não é sem razão, referindo-se à concepção de mundo, ciência e sociedade de Comte.
Giovanna Cayres - noturno
Positivismo, equilíbrio rumo ao progresso ou a manutenção do regresso?
Augusto Comte foi um filósofo francês, que desde novo
possuía um olhar inovador. Mas seus ideais não foram bem recebidos de início,
por isso foi expulso da escola em que estudava, por incentivar e liderar
manifestações entre os alunos.
Sua ideologia foi modelada através de diferentes
experiências, dentre elas: a marcha progressiva constante, que indicava que a
sociedade sempre rumava ao progresso; suas obras que já percebiam certas
semelhanças entre as ciências da natureza e a ciência da sociedade; a situação
em que a Europa se encontrava devido à revolução industrial, dentre outros
inúmeros casos.
Seus ideais foram tão dispersados pelo mundo, que movimentos
brasileiros utilizaram suas doutrinas. Um exemplo disso foi a Primeira
República brasileira, que inclusive deu origem ao lema positivista de nossa
bandeira “Ordem e Progresso”, que até hoje influencia diversos conservadores,
que acreditam que o progresso da sociedade só pode ser obtido através da ordem estática.
Porém, percebe-se nos dias atuais que grande parte da
população contraria tais argumentos, o que causa grande incômodo para os
conservadores. Para Comte, os revolucionários estão prejudicando a ordem da
sociedade, e por isso impedindo o progresso da mesma. Mas tal pensamento não
pode ser aceito nos dias atuais, tendo em vista o leque de conquistas que foram
feitas devido às revoluções, dentre elas: a Revolução francesa, que pôs fim aos
privilégios abusivos da nobreza, às revoluções que buscaram igualdade de
gênero, que ainda estão ocorrendo inclusive, dentre outras.
Segundo a teoria de Comte, a sociedade visava a
solidariedade, a felicidade do coletivo em detrimento da felicidade individual,
e por este motivo, diversos regimes capitalistas utilizaram essa teoria para
justificar as situações precárias em que o proletariado se encontrava.
Logo, percebe-se a importância dessa corrente,
principalmente por ser uma das primeiras a estudar as relações sociais. Porém,
ela pode ser extremamente perigosa quando aplicada em regimes capitalistas,
devido à sua alienação das classes operárias, além de justificar abusos com o
argumento de solidariedade.
Bruno Issamu Ishioka. 1° ano Direito Matutino.