domingo, 12 de junho de 2022

 Na concepção materialista, estudada por Marx e Engels, o ponto principal é o método, a forma de compreensão da realidade, a fim de ter o conhecimento adequado para transformá-la, por isso a crítica às abordagens tradicionais da filosofia alemã e ao denominado tradicionalismo. O filósofo alemão Hegel, defende a ideologia alemã no sentido de interpretação de mundo por suas ideias (seguindo a definição de “ideia” como pensamento puro da natureza) porém, elas não representam a sociedade real. Para Marx e Engels, o conceito de ideologia é o falseamento da realidade, o que outra vez vai contra a filosofia alemã e ao que chamavam de “socialismo utópico", de Henri de Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen diz que a solução é vinda “de cima”, diante da incapacidade do proletariado “valer-se por si mesmo” (Engels, p.2). Os primeiros pensadores socialistas se vivam como homens iluminados que colocariam em relevo as mudanças da ordem, uma razão de sabedoria pensante, e não as condições históricas, é chamada a explicar a situação de exploração.

     Na concepção de história de Hegel, a humanidade está em permanente processo de desenvolvimento, impulsionada por “leis históricas” que determinam inícios e colapsos a partir da cultura de um período, e o direito como uma forma de suprir demandas da evolução homem em sociedade, expressando o espírito de um povo fundado na vontade racional. A universalidade do direito para o pensador, representa a superação de todas as particularidades e se contrapõe à individualidade estrita.

             O idealismo hegeliano diz que apenas a mente é real e tudo que é racional, tudo que se pode ser pensado e imaginado antes de existir. A sua concepção de realidade é a projeção universal de uma ideia, todos compreendem o conceito de uma casa, ainda que não tenha sua existência física. Já seu conceito de realidade social é caracterizado por sempre estar ligado ao que lhe é historicamente anterior, é fruto de concatenações nas quais o conflito existe dentro da cada realidade e é a base de toda realidade nova.

           Por outro lado, a realidade para Marx e Engels é um cenário em constante movimento, ele afirma que, “(...) Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que se sintetiza em si, se aprofunda em si, e se move por si mesma(...)” “Ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui é a terra que se sobe ao céu. Em outras palavras, não partimos do que os homens dizem, imaginam e representam, tampouco do que eles são nas palavras, no pensamento, na imaginação e na representação dos outros, para depois se chegar aos homens de carne e osso”. (Marx e Engels, p.19)

 

Maria Eduarda da Cruz Cardoso - Primeiro Ano Direito, Matutino


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