segunda-feira, 4 de abril de 2022

Qual o preço da racionalidade?


Para Descartes o que difere os homens dos animais é a racionalidade. Ao admitir isso, os seres humanos são deslocados de seu lugar na natureza e passam a ser a maior entidade no planeta Terra. A partir desse momento,  a natureza passa a existir para servir a humanidade. 

O método científico de Descartes foi essencial para o desenvolvimento das ciências e, consequentemente, da vida do homem. Muito do que temos de desenvolvimento hoje se deve a utilização da base metodológica de Descartes. Não procuro negar isso. O que proponho com esse texto é analisar o modo como a natureza foi vista nas últimas décadas. É evidente que como espécie humana, vivemos o nosso ápice. Mas será que os meios que utilizamos para chegar aqui são legítimos? 

Uma das bases epistemológicas na teoria de Francis Bacon, grande filósofo inglês, é de que precisamos buscar uma ciência útil na luta contra a natureza. Nesse ponto a natureza se torna mais do que exterior ao homem, ela se torna um inimigo ao desenvolvimento humano. Ao olharmos os dias atuais, esse pensamento foi benefício para preservação  do meio ambiente?

Atualmente, a sociedade convive com grandes questões ambientais como: enchentes, desmatamentos, extinção de espécies, surgimento de novas doenças e o aquecimento global.  Será que se a mentalidade do homem em relação a natureza fosse outra, os resultados seriam diferentes? 

Ailton Krenac é uma grande liderança indígena e escritor do livro “Ideias para adiar o fim do mundo”. Em seu livro, ele defende que o homem  despersonalizou a natureza. Quando o homem retira do rio e da montanha seus sentidos, considerando que isso é algo restrito aos humanos, a liberdade de explorar e destruir a Mãe Terra como bem entendermos é concedida. Agora, o rio e a montanha se tornam resíduos da atividade industrial e extrativista. O problema que o homem demorou (e ainda demora) para perceber é que  ao se distanciar tanto da natureza, nós todos nos tornamos órfãos. Do que adianta ser o único animal racional e não possuir água limpa para beber? 

Dessa forma, torno o meu texto um questionamento. Será que  as bases epistemológicas  da ciência moderna poderiam ter sido mais justas com a natureza? E será que isso teria efeitos positivos nos dias de hoje?

Bom, acredito que nunca saberemos com certeza, entretanto, essa discussão é extremamente importante para analisarmos nossos próximos passos enquanto sociedade para que nosso futuro não seja mais distópico que o presente.


Heloísa Pilotto Fernandes Salviano, turma 39- turno: noturno

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