domingo, 3 de abril de 2022

A influência de Descartes e Bacon para o mundo contemporâneo.

 A influência de Descartes e Bacon para o mundo contemporâneo.

Apesar de serem considerados como opostos devido a suas correntes filosóficas, Descartes e Bacon convergiam e um ponto, A visão de Bacon sobre a necessidade do entendimento da natureza para sua dominação converge com a visão mecanicista de descartes no quesito de a natureza ser uma máquina e a ciência ser a forma de entendê-la e controlá-la. Dessa forma, apesar das divergências sobre o verdadeiro meio de se alcançar a verdade, ambos promoveram o conceito de dominação da natureza, buscando a praticidade na ciência, com um papel de alterar as condições de vidas humanas, supostamente para melhor. Essa visão foi fundamental para a sociedade científica da época e afeta a humanidade de diversas formas até hoje.

 

Essa influência pode ser vista na maneira como a humanidade age de formas muitas vezes sistemáticas, nas quais as relações que deveriam ser afetivas tornam-se irracionais, como, por exemplo, analisar um relacionamento pessoal com viés econômico, tentando avaliar se esse gasto seria compensado futuramente na forma financeira (um filho que futuramente irá trabalhar) ou afetiva (os gastos necessários para alcançar um relacionamento com alguém). Outra situação mais extrema é a racionalização da vida, onde o sacrifício de certas pessoas é considerado válido para o benefício maior. Esta ética utilitarista tem como maior exemplo o nazismo, o qual pela ótica da escola de Frankfurt é o resultado do conceito de dominação da natureza levada ao extremo, o que gerou, não só o domínio da natureza, mas também o do próprio ser humano. O filme Mindwalk -  O Ponto De Mutação (1990) também aborda como essa visão gerou dentre outros fatores o desequilíbrio da sociedade e eventos similares ao holocausto (no caso usando o exemplo da caça as bruxas).

 

Além disso, essa visão de mundo extremamente fundada na ciência é uma das principais causas para o desencantamento do mundo. Esta teoria proposta por Max Weber afirma que essa vigência da  razão objetiva instrumental gerou o fim das tradições como a religião no âmbito social. Isso porque, com o predomínio do meio científico, as formas de saberes advindas da tradição e religião são consideradas sem fundamentos científicos e, portanto, inferiores à verdadeira ciência. Essa interpretação dos fatos pode ser vista na contemporaneidade, onde a religião, apesar de restringir certas áreas de pesquisa, tem pouca influência nas universidades e pesquisas acadêmicas dos países.

 

Dessa forma, é possível concluir que essa forma de pensar advinda desses filósofos cientistas tiveram um forte influência não só naquela época, mas para além dela. Tal pensamento é nítido na contemporaneidade, o qual  muitas vezes gera consequências negativas quando utilizado de forma agressiva. Sendo assim, é importante discernir as situações na qual a praticidade científica deve ser utilizada.

 

Paulo Henrique Illesca Da Costa – Direito matutino 1o ano

Nenhum comentário:

Postar um comentário