domingo, 3 de abril de 2022

A Crítica como Norte nas Veredas do Racionalismo

 

Com o fim da Idade Média, o Renascimento e o Humanismo surgiram como um modelo que contrapunha, em vários momentos, o ideário cultural manifestado pelo período histórico antecessor que se baseava em um ser supremo, Deus, colocado no centro do universo dos homens que viviam sobre doutrinas, doando suas vidas, seus costumes e suas forças à igreja, com a promessa de que caso agissem como estipulado pelo clero, receberiam vida eterna. Nesse sentido, o Renascimento surge com uma nova proposta de visão sobre o mundo, colocando o Homem no centro do universo, o que gera, consequentemente, a necessidade que formar princípios nos quais os homens sustentem todos os fundamentos, cria-se assim, métodos de pensamento científicos, racionais, que fornecem subsídios humanistas na busca do conhecimento. Nesse ínterim, a razão, considerada, nesse período, maior representação da essência do ser humano, modificou este momento da história e moldou o mundo que se conhece hoje. Dessa forma, é mister atentar que são inegáveis os avanços e as conquistas adquiridas pelo método racionalista de se deter conhecimento, tanto quanto é preciso alertar sobre a falta de criticidade que acompanha, hoje, tal metodologia.

Diante disso, a busca da razão se deu por vários filósofos, entre esses Descartes e Bacon, que discordavam em opostos da maneira com que se apreendia o conhecimento, o primeiro entendia como matéria inerente da razão, já o segundo vislumbrava o conhecimento como adquirido pelas sensações do mundo. De toda forma, viam na razão seu principal objetivo, e depois, com fomento dos Iluministas, a razão, a técnica e a ciência serão vistas como as únicas formas de salvação para os seres humanos. Nessa continuidade, é preciso ressaltar que sem o racionalismo como forma de guiar e produzir ciência não chegaríamos a várias conquistas inerentes ao uso do método cientifico, tais como vacinas, sistemas de computador, internet, carros, energia elétrica e suas tantas formas de obtenção, todas baseadas em métodos e cálculos que possibilitaram sua existência. Logo, é imprescindível atentar as conquistas trazidas pelo racionalismo.

No entanto, embora tenha trazido inúmeras conquistas aos seres humanos, o método racionalista de pensamento moldou também a forma de pensamento atual, sendo fomentado ao indivíduo desde o nascimento pelas instituições sociais, como a família e a escola que, infelizmente, muitas vezes impõem uma forma de pensamento tecnicista não abrindo espaço para o senso crítico. O “racional” molda as vidas de forma com que tudo seja cronometrado, tudo tenha que ser feito a tempo, tudo em nossas vidas deve ser logico, o homem se confunde a uma engrenagem, a um robô, e a comodidade leva a alienação. Tal reflexão pode ser levantada muitas vezes por obras cinematográficas como é o caso do longa “Ponto de Mutação” no qual se é discutido sobre o racionalismo e como várias invenções trazem hoje preocupações para a vida humana uma vez que interferem no meio ambiente, como por exemplo, o consumo desenfreado de carne e a grande poluição inerente ao sistema de locomoção à gasolina, por exemplo, e como maquinas são inventadas para amenizar estes efeitos, ao invés de se investir em métodos profiláticos a esses panoramas. Assim, pensadores da Escola de Frankfurt analisam tal panorama “racional” como uma via de mão dupla,  como no drama trata-se como o mesmo método que pode gerar maravilhas tecnológicas, pode ser cego e indiferente a demandas e perspectivas mundiais, normalmente, de grupos sem muitas condições econômicas, estes pensadores ressaltam também, como a razão vendida à burguesia se torna, muitas vezes, violenta, colocando-se a frente da natureza e tornando o homem violento consigo mesmo no mundo capitalista de produção, no qual só se insere como similar a uma máquina, mais uma engrenagem  racionalista,  ao extremo, o que antes era essência, hoje, desumaniza.

Depreende-se, portanto, que são inúmeros os benefícios e avanços gerados pelo método Racionalista de pensamento e conquista cientifica, no entanto é preciso de crítica sobre essas metodologias tanto no panorama mundial, quanto individual. A Crítica deve ser, portanto, um norte nas veredas do racionalismo.

Ambos os quadros : " A racionalidade leva ao melhor", primeiro em Inglês, segundo em Esperanto.



Larissa Vitória Moreira, Direito - Noturno 

1º semestre 





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