terça-feira, 7 de setembro de 2021

Uma intepretação compreensiva de um país difícil de se compreender

Segundo Max Weber, a ação social do indivíduo se movimenta pela mobilização de valores, os quais são transmitidos pelas instituições sociais. Para realizar uma interpretação compreensiva da realidade brasileira é necessário analisar os valores e as instituições que moldam as ações individuais.

Uma instituição de grande influência na história brasileira é a Igreja católica. Seu surgimento no Brasil remonta ao século XVI, quando jesuítas vinham com a missão de catequizar indígenas. Assim, a influência da religião cresceu à medida que a sociedade civil brasileira se desenvolveu, haja visto a compilação de preceitos religiosos em cartas nacionais. Na atualidade, os valores religiosos ainda persistem no ideário de muitos indivíduos, a exemplo da influência do protesto de religiosos contra o aborto realizado em uma menina de 10 anos, estuprada durante 4 anos por um familiar, sobre um hospital, o qual se recusou a realizar o procedimento, apesar deste ter sido aprovado pela justiça. 

Nesse sentido, o Estado é outra instituição que molda as ações sociais, principalmente pelo âmbito jurídico. Isso porque, o direito é elaborado para orientar as ações a fim de garantir uma harmonia nas relações sociais. Contudo, o direito é também formulado sob influência da instituição mercado capitalista, o qual tem seus valores, como a defesa da propriedade privada, codificados. Desse modo, o direito passa a transmitir tais valores em âmbito nacional e de forma mais incisiva, pois o descumprimento das legislações pode acarretar sanções.

Os indivíduos são desde cedo ensinados sobre tais valores, o que resulta num processo de interiorização destes. Portanto, ao agirem, os indivíduos não questionam os valores envolvidos na ação. Além do mais, quando os indivíduos analisam de forma critica os valores impostos pela sociedade, ele não só os critica, mas também critica as instituições que os formulam. Por isto, o questionamento de valores da religião, do Estado e do mercado na sociedade brasileira, uma sociedade extremamente conservadora, é visto como subversivo por estas instituições, as quais passam a disseminar frases como “isto é coisa do demônio”, “isto é coisa de comunista” quando esse questionamento ocorre.

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