quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Uma intepretação compreensiva de um país difícil de se compreender

 Max Weber, sociólogo alemão, compreendia que o papel da sociologia seria analisar criticamente a realidade do mundo, tendo na ação social o ponto de partida.

      Na atualidade, proliferou-se a utilização, pelos mais velhos, do termo " geração mimimi", com o propósito de se referirem à geração de jovens, sendo visível o seu teor pejorativo. Assim, tal termo tem por finalidade indicar um suposto comportamento dos jovens, tidos como preguiçosos, incapazes, dependentes e emocionalmente sensíveis para lidarem com as adversidades da vida.

      Entretanto, tal visão acerca dos jovens não possui um fundamento concreto, uma vez que é fruto de uma divergência de valores entre as gerações mais antigas e as jovens. Desse modo, para Weber, os valores são características de um indivíduo que, estando de acordo com a sua consciência, determinam o seu modo de agir e de pensar em sociedade, além de serem influenciados por fatores sociais e temporais. Desse modo, percebe-se que na questão da "geração mimimi", o fator temporal é o responsável por incitar uma desavença entre valores conservadores, típicos das gerações passadas, e valores inovadores, típicos dos jovens, dando falsos indícios de uma suposta vadiagem destes.

        Assim, os valores dos antigos legitimam um modo de vida pré-determinado, ou seja, fixo, tendo como parâmetros a necessidade de estudar para se ter uma profissão bem remunerada, além de outros, tais como o casamento e ter filhos, por exemplo. Assim, quem não cumprisse esse modo de vida pré-determinado poderia ser visto como uma pessoa fracassada, ou pior, desvirtuada. Por outro lado, os jovens, em parte, possuem uma perspectiva de vida completamente diferente, fruto de uma nova mentalidade, a qual não é vista com bons olhos pelos mais velhos. Como exemplo, pode-se citar o famigerado exemplo da obrigação de escolha, pelos jovens, de um curso do ensino superior logo ao terminarem o ensino médio, quando ainda possuem meros 17 anos. Assim, essa necessidade de escolha cria uma pressão social no jovem, o qual, em alguns casos, fustigado pelos valores tradicionais, deixa de lado a sua vontade e entra em um curso superior apenas por pressão econômica.

        E assim, periodicamente, ocorre desse jovem abandonar o ensino superior, seja para trabalhar ou para adentrar em outra carreira da faculdade, uma vez que o curso escolhido não era de real interesse dele. E nesse ponto, portanto, é que se cria a ideia de que ele está “abandonando” a faculdade por vadiagem, pois estaria burlando o modo de vida pré-determinado pelos valores conservadores.

           Desse modo, possuir acesso à educação superior é de extrema importância para o jovem, uma vez que é fonte de esclarecimento. Entretanto, exigir que o jovem entre numa faculdade aos 17 anos se torna uma atitude brutal, retrógrada, uma vez que muitos deles não possuem ainda total convicção de qual carreira seguir, o que é típico de um ensino médio baseado em métodos repetitivos e pouco esclarecedores.

Enzo Mario Suguiyama 1 ano matutino



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