terça-feira, 7 de setembro de 2021

 Ensaio sobre a Sociologia Compreensiva de Max Weber e Jessé de Souza com uma interpretação compreensiva de um país, às vezes, difícil de se compreender com um recorte especial da realidade sobre a classe média 

 

          
Rubens Chioratto Junior 
RA 211.222.526- noturno 

Introdução: Max Weber e Jessé de Souza 


Max Weber  

O sociólogo alemão Max Weber nasceu em abril de 1864 na cidade de Erfurt, na Alemanha. Faleceu no ano de 1920, na cidade de Munique. Sua formação percorreu o âmbito do direito e economia e, foi professor nas faculdades de Heidelberg e Freiburg. Aprofundou seus estudos para compreender as transformações ocorridas na Europa decorrentes da Revolução Industrial. 

Para compreender a sociologia weberiana, devemos entender que o período histórico vivido pelo autor foi marcado pela intensa industrialização alemã, além da instituição e consolidação do Império Alemão, que propiciou a unificação da Alemanha através da figura de Otto Von Bismarck. 

Principais Obras: Diversos livros e ensaios, entre eles, Economia e Sociedade; A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo; A Ciência como Vocação; Ensaios de Sociologia. 

Jessé de Souza 

O sociólogo brasileiro, Jessé José Freire de Souza nasceu em Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte no ano de 1960. Mudou-se para Brasília, para realizar a graduação no curso de Direito na Universidade de Brasília (UNB) concluída no ano de 1981. Concluiu seu Mestrado na área de Sociologia na mesma instituição no ano de 1986. 
Em 1991, doutorou-se em sociologia pela Universidade de Heidelberg localizada na Alemanha, país onde obteve livre docência nesta mesma disciplina pela Universidade de Flensburg no ano de 2006. (extraído da Wikipédia). Em 2017, recebeu o prêmio Jabuti. 

Principais Obras: entre os 27 livros dele, encontram-se, A Elite do Atraso; Á Ralé Brasileira: quem é e como vive; A Classe Média no Espelho; A Radiografia do Golpe. 

 

 Sociologia de Max Weber 

Influenciada pelo relativismo cultural, podemos chamar a sociologia de Max weber de Sociologia Compreensiva, a qual é caracterizada pela influência, também, do idealismo hegeliano e pela forte crítica ao evolucionismo positivista, ao universalismo, a neutralidade do cientista e a presença das leis sociais.  

Ao olhar para o positivismo, Weber não acredita de formulações de leis sociais capazes de controlar e formular leis gerais para o entendimento da sociologia e transformação social, o autor compreende que a sociedade é complexa, única e imprevisível. Além disso, as culturas são diferentes, não superiores uma em relação as outras, rompendo, então, como evolucionismo positivista.  

Weber é contrário às ideias de Comte e Durkheim quando relacionadas à neutralidade do pesquisador em relação ao objeto de estudo. Para ele, a sociedade não pode ser analisada de maneira comparativa, pois esta é uma realidade infinita de fatos. Portanto, ao estudar uma ação social, o sociólogo estaria extraindo apenas uma parte do tempo e do espaço para análise, e esse simples fato da extração do objeto de estudo, segundo Weber, anularia o princípio da neutralidade e da universalidade. Os eventos sociais, na sociologia compreensiva de Weber, são singulares e únicos. 

Weber também se difere da teoria marxista ao crer na diversidade da compreensão sociológica, contrapondo-se ao universalismo marxista. Ele afirma que o pensamento materialista de Marx seria um Tipo Ideal de compreensão da realidade, e não um valor absoluto. Seria, portanto, uma perspectiva dentre as diversas perspectivas.  Partindo deste ponto, Weber escreve a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, como a demonstração de um novo Tipo Ideal de compreensão da realidade, não mais baseando-se no materialismo dialético, mas compreendendo que as transformações religiosas e culturais contribuíram para o desenvolvimento capitalista.  

É na sociologia weberiana que vemos uma maior autonomia do indivíduo em relação a sociedade. Se Durkheim cria que o indivíduo só é concebido na sociedade e por ela determinado, com Weber, o indivíduo e a sociedade possuem o mesmo tamanho de influência entre si.  

Ação Social 

Ao formular um objeto de estudo para a sociologia, Weber institui a ação social. Para o autor, esta é o objeto de análise do cientista, que tem por definição uma conduta humana dotada de sentido. A partir disso, o sociólogo teria a responsabilidade de realizar uma análise minuciosa do objeto com a finalidade de desvendar o motivo da ação social e prever suas consequências, compreendendo o recorte da sociedade extraído do estudo sociológico.  

Apesar da realidade ser infinita e singular, Weber elenca quatro categorias de ações sociais, com o intuito de nortear o estudo do cientista. São elas: Ação social racional com relação a fins; ação social racional com relação a valores; ação social tradicional; ação social afetiva (emotiva). 

Ação social racional com relação a fins: É classificada como sendo estritamente racional, na qual o indivíduo analisa o melhor meio para alcançar seu objetivo final.  

Exemplo: um estudante, ao formular uma rotina de estudo, para passar no vestibular.  

Ação social racional com relação a valores: O segundo tipo de ação social ainda é racional, contudo, não é o fim que influência a ação do indivíduo, mas sim, seus valores.  

Exemplo: Valores éticos ou religiosos.  

Ação social tradicional: Esse tipo de ação social é irracional, baseada em costumes e hábitos enraizados no indivíduo.  

Exemplo: Superstições.  

Ação social afetiva (Emotiva): Uma ação irracional movida pelos sentimentos. 

Exemplo: Crime passional.  

Além da ação social, devemos também compreender o que Weber chama de relação social. Weber define relação social como o reconhecimento de outra pessoa ou grupo da ação social realizada pelo indivíduo. Uma ação social, para que se torne uma relação social, deve ser transmitida de códigos comuns entre os indivíduos, como a língua gestual ou comunicação imagética. Após um indivíduo, ou grupo, compreender o sentido da ação social, temos a possibilidade da aceitação ou não desta.  

Exemplo: Término de um namoro. Para que este fato social ocorra e se transforme em uma relação social, a comunicação deve ser feita através de códigos reconhecíveis, porém, essa ação pode ser passível de aceitação ou não por alguma das partes.    

Tipo Ideal 

Se a ação social é o objeto de estudo da sociologia weberiana, o tipo ideal é o instrumento para o desenvolvimento do estudo científico. Ele, então, é uma concepção teórica abstrata que o cientista utiliza para elencar características, as quais acredita ser essenciais para compreender a vida social. O tipo ideal é utilizado como forma de ordenação da realidade, dando possibilidade ao sociólogo de ter um meio indutivo para estudar a ação social.  

Tipos de Dominação  

Poder e dominação, apesar de serem palavras com ideias próximas, possuem diferenciação. Poder pode se classificar como sendo a capacidade de um indivíduo de mudar ou influenciar a ação de outrem, por outro lado, a dominação é a disposição de um indivíduo obedecer a uma ideia ou um conceito. Em sua obra “Economia e Sociedade”, Weber postula três diferentes tipos de dominação: Dominação carismática; tradicional e burocrática-legal. 

Dominação Carismática: É um tipo na qual o indivíduo se submete ao dominador baseado na devoção pessoal e nas habilidades exercidas por ele, tornando-a personalista. O que legitima este tipo de dominação são as características pessoais do dominador, o que faz com que ela seja completamente instável, pois nada garante a devoção permanente do dominado.  

Exemplo: Populismo, onde um indivíduo, de caráter messiânico, se elege devido as suas habilidades pessoais e carisma, onde, a população passa a conceder a dominação devido a devoção pessoal ao populista.  

Dominação Tradicional: A subordinação se dá pela fidelidade à tradição e costumes de uma cultura. Como tradições e costumes mudam lentamente, consideramos dominação estável. 

Exemplo: Estado Feudal (relação de suserania e vassalagem), onde o vassalo recebe terras doadas do seu suserano, que, pela fidelidade e necessidade, se vê submetido a ele.  

Dominação Racional-Legal: No terceiro tipo de dominação, a tradição e a devoção pessoal dão lugar à burocracia estatal. O indivíduo obedece a leis e normas, submete-se à hierarquia e à documentação, onde os superiores possuem formação e qualificação em sua função.  

Exemplo: Estados Nacionais Modernos, baseados na burocracia estatal. 

É neste estágio que observamos duas figuras fundamentais: o Estado Nacional Moderno e a modernidade.  

O Estado Moderno para Weber está conceituado no tipo racional-legal de dominação e só passa a existir a partir do momento que há obediência frente a hierarquia burocrática. O Estado é fruto da sociedade moderna, governando de forma impessoal, governantes devem ser escolhidos pelo voto. O Estado é o detentor do monopólio do uso legítimo da força, coibindo qualquer tipo de disfunção social e, impedindo que os cidadãos façam uso da violência de forma não legítima, portanto, uma dominação estável.  

É no estágio de dominação que Weber vê a modernização da sociedade. A modernidade propõe a exclusão da afetividade (carisma e tradição) na composição da organização da sociedade, cria espaço à racionalização e rejeita os valores do mundo. Perde o caráter personalista de organização e ganha o conhecimento técnico-científico.  

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo 

Weber, neste seu livro, postula um estudo entre a racionalidade e a reforma religiosa, mostrando a relação do desenvolvimento capitalista e a reforma religiosa. Seu objetivo era entender como a reforma religiosa propiciou mudança na ação social dos indivíduos e mudanças de valores que influenciaram o avanço do capitalismo.  

A reforma protestante, segundo Weber contribuiu para o desenvolvimento do capitalismo industrial ao introduzir na cultura dos seus indivíduos a ética do trabalho. Diferentemente da cultura católica, que pregava o ócio e a renúncia da vida “secular” como valor relacional religioso, a reforma protestante injetou a ideia da autorregulação, da racionalização e da austeridade.  

         O protestantismo possibilitou uma nova mentalidade nos indivíduos e na sociedade, trazendo uma transformação propícia ao capitalismo. A nova maneira do indivíduo se relacionar com Deus, agora de forma pessoal, e prezando pelas obrigações diárias. O trabalho passa a ser um fim em si mesmo, como forma de honrar a Deus, principalmente, segundo o autor, com as ideias Calvinistas de eleição, na qual, o indivíduo perceberia, no seu avanço material, a vontade de Deus sendo expressa.  

Vemos a influência das transformações culturais e valorais, que possibilitaram uma mudança na psique da sociedade, afetando diretamente a ação social feita pelo indivíduo na vida diária, o que afeta diretamente a vida em comunidade. Cabe ao cientista compreender a relação entre a motivação dos indivíduos e suas consequências na vida em sociedade. 

Crítica à teoria Weberiana 

Como crítica as ideias de Max Weber, Luciano Pellicani desenvolve uma teoria em que o espírito capitalista não advém com a reforma protestante e suas consequências na ação social, mas com a cobiça já presente na Idade Medieval, muito antes do que proposto por Weber. Este autor acredita que a ganância pelo lucro move as ações individuaisnão o dever secular inspirado no relacionamento com Deus. Concordo com isso, pensando na natureza do que conheço do ser humano! Aliás, o relacionamento com Deus, serve de uso como pretexto, ou seja, tem uso ideológico, para justificar tais ações. 

 

Análise social de Jesse Souza e a compreensão de um país difícil de se compreender 

O sociólogo brasileiro, ainda vivo, neste ano de 2021, realiza estudos sociais extensos, principalmente sobre as desigualdades sociais no Brasil, crítico voraz da classe média, fala do papel dela no contexto social e na manutenção dessas desigualdades, a força da ideologia dominante sobre o pensamento do brasileiro entre outros temas relacionados ao pensamento social e a visão das classes sociais o Brasil. O conflito entre classes sociais para Souza é algo latente, que passa despercebido para a maioria das pessoas, como se fosse algo natural, embora na prática do dia a dia seja algo muito presente. 

Souza discorda e rompe com a visão culturalista que enxerga o brasileiro como o ser cordial e bonzinho, capaz de dar um jeitinho para tudo e de um povo unido acima de tudo, inclusive das enormes diferenças existentes. Defende ele que a cultura sofre influência das instituições e não o contrário. 


           

    
É a sociedade, com suas instituições específicas, que cria os indivíduos como eles são, 

 e não o contrário. Para                     todos os grandes pensadores clássicos das ciências sociais, 

essas instituições são duas: o mercado competitivo                     capitalista e o Estado moderno 

centralizado. Sem essas duas instituições fundamentais não temos nem sociedade 

                moderna, nem pessoas modernas guiados por valores e ideias modernas. (A ralé 

brasileira: quem é e como 

vivem -               p.106). 


Jessé Souza acredita que para explicar o Brasil de hoje, só é possível se o explicarmos e entendê-lo desde o seu início. Nesta história cumpre papel importante para a formação do pensamento brasileiro a vinda da coroa e corte portuguesa para o Brasil – que trouxe a semente do Estado centralizado -, bem como a relação comercial com a Inglaterra consagrada no acordo da “Abertura dos Portos” - que trouxe a semente “troca de mercadorias”. 


                  Os “pais” dessa modernização transplantada foram o Portugal ..., que  transplanta a semente do Estado                                  centralizado brasileiro, e a Inglaterra, já  abertamente moderna e burguesa, que transplanta a semente de mercado                 competitivo.  (A ralé brasileira: quem é e como vivem - p.106).

 

Continua a História e Souza acrescenta que o século XIX, nada acrescenta e nem rompe com a conduta e o pensamento social do Brasil colônia, que começa a experimentar transformações na década de 1930 quando o capitalismo e o Estado moderno ganham feições mais maduras. E aí segundo explica ele, é que ocorre a “revolução burguesa” só que velada ou “encapuzada”, ou seja, não percebida pela falta de consciência política dos brasileiros, assim, as pessoas aceitam a realidade como algo natural, não percebendo que são frutos dos interesses econômicos do mercado e do Estado, e que esses interesses econômicos é que permeiam o comportamento e as relações sociais decorrentes. 

Acrescenta Souza, que a partir daí, as nossas necessidades e aprendizado, são orientados para “suprir as necessidades dessas instituições” - mercado e Estado, para em troca obter os benefícios que acreditamos elas possam nos oferecer como bons salários e prestígio social, e quem não age dessa forma acaba estigmatizado e visto de forma pejorativa pelo conjunto da sociedade. 


Conclusões, críticas e um recorte especial da realidade para falar da classe média. 

Jessé Souza no capítulo 6 do livro, A ralé brasileira: quem são e como vivem, defende que Estado e Mercado são os idealizadores e mantenedores da ideologia dominante e que no Brasil, por falta de consciência política de seu povo, ela passa despercebida enquanto ideologia e, é aceita como algo natural e espontâneo, moldando o dia a dia de cada um de nós sem que percebamos isso. 

Diferente de Jessé Souza, Foucault via na manutenção da ideologia de Estado três instituições e criou o conceito que ficou conhecido como o “triângulo de Foucault” como podemos ver no ensaio sobre o livro de Roberto Lyra Filho feito por Nobre e Chioratto, abaixo: 


Em reflexões acerca das relações de poder em obras de Michel Foucault, ele fala dos  diferentes                 modos de poder, perpassando pelas formas de força e disciplina. Foucault,  em seu tempo, história              e espaço, desenvolveu a ideia de um triângulo, que veio a ser  conhecido como o triângulo de                      Foucault (poder - direito - verdade) onde envolve o  Direito como essencial na manutenção das                  relações de poder. Diz Foucault  “... o saber como produção da verdade sempre esteve relacionado               em excesso com o  poder. Também ele se refere ao aparelho de Estado, constata que o poder está                 por toda  parte e provoca ações ora no campo do direito, ora da verdade. Deve ser entendido  como              uma relação flutuante, não estando em uma instituição nem em ninguém,  enquanto o saber está                   numa relação de formas e conteúdo. (p. 2 e 3). 


Diferente de ambos, Louis Althusser - filósofo marxista francês –, define o conceito dos “aparelhos ideológicos do Estado - AIEs”, diferente do aparelho repressivo do Estado que é de domínio público, os AIEs podem ser públicos ou privados e, esses aparelhos ideológicos, atuam no consciente e no inconsciente da população. Gramsci também chegou à conclusão que instituições privadas servem perfeitamente como aparelhos reprodutores da ideologia dominante quando se refere ao conceito de hegemonia. 

Althusser definiu oito Aparelhos ideológicos de Estado, que são, AIE religiosos, escolar, familiar, jurídico, sindical, cultural, político (sistema político e partidos) e de informação (imprensa). Fazendo uma intersecção entre Jessé Souza, Gramsci e Althusser, podemos dizer que através dos “aparelhos ideológicos de estado” o mercado e o Estado, constroem e mantém uma hegemonia ideológica e política sobre toda a sociedade, que busca enquadrar seu comportamento a esses interesses considerando suas atitudes como virtuosas socialmente. 

Um recorte sobre a ideologia que permeia a classe média, uma forma de compreensão 

A classe média e sente especial, se acha culta e inteligente mesmo não sendo, tem a certeza de que nasceu e está predestinada a ser rica ou milionária, só lhe falta a oportunidade que Deus ou seus esforços lhe irão prover no momento apropriado e, que ela – classe média - irá obviamente aproveitar porque é muito qualificada para isso. Claro, o conceito de rico que expresso aqui é o daquela pessoa que não precisa trabalhar e mesmo assim tem dinheiro para viver bem, ou seja, o verdadeiro conceito de ser rico. 

Claro pensa ser melhor que aqueles de condição econômica inferior e ficam com muita raiva quando a estes é dada oportunidade de ascensão e prosperidade, como através de programas sociais, por exemplo. É como se a ascensão desses lhes mostrasse o fracasso de suas aspirações e desmascarasse suas ilusões. Por isso, as expressões “É um absurdo”, “é puro assistencialismo”, ‘querem dar o peixe e não ensinar a pescar”, “estão passando a mão na cabeça de gente vagabunda” 

  Ninguém representa e se enquadra melhor no estereótipo desse grupo do que o homem e mulher, brancos do sul e sudeste. A imagem que tenho desses homens é que o grande sonho deles seja, ser convidado para frequentar a casa e, como se diz no popular “mijar cruzado” com o Eike Batista, Paulo Lemann, Luciano Huck ou o milionário/bilionário famoso da vez. 

Tentam pensar, falar e agir como rico, como se isso gerasse neles a fantasia de sê-lo, porém, é muito comum que antes de dormirem e após acordarem, tomem remédios para manter sua saúde mental ou seu controle emocional, por medo de perderem tudo o que tem de um dia para o outro, como o emprego por exemplo.  

Ocupando cargos de gerência e chefia, por um lado sabem que são empregados, apesar de intermediários entre os proprietários e diretores das empresas e os funcionários subalternos destas, por outro lado, agem e pensam de forma alucinada, como se fossem os donos, cumprindo sem perceber o “papel que lhes cabe nesse latifúndio”, como canta a obra “Vida e Morte Severina”. Dizendo de outra forma, cumprem o papel que a ideologia de forma muito eficaz se lhes impôs e só mais tarde e só alguns chegam à conclusão de que não ficarão ricos conforme pensavam e até passam a trocar sua percepção de prosperidade, pela frase de que “o importante é ter saúde”, de certa forma soa ridícula, ao menos para estes. 

Em resumo, ninguém serve mais os interesses do Estado e do mercado, e também, ninguém incorporou mais a ideologia “velada”, “encapuzada” do sistema do que essa classe média. E, enquanto, não forem conscientizados ou não perceberem a mentira dessas suas ilusões serão um entrave para qualquer mudança seja econômica, social, cultural. Se o pensamento social da classe média não for mudado, qualquer mudança no “status quo” da sociedade corre o risco de retrocesso e, as vezes, como vemos agora, de severo retrocesso. 

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R.A. 211.222.526 - Direito Noturno – UNESP /Franca - e-mail: rubens.chioratto@unesp.br 

 

BIBLIOGRAFIA:  

SOUZA, Jesse. A ralé brasileira: Quem são e onde vivem 

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado, 10ª edição, Editora Graal. 

NOBRE, Edson dos Santos; CHIORATTO, Rubens Junior. Ensaio Direito, ideologia e sociedade: uma abordagem de marxistas. in: Classroom Introdução ao Direito, 2021- UNESP, Faculdade de Direito de Franca. 

FERREIRINHA, Isabela Maria Nunes; RAITZ, Tânia Regina. Artigo: As relações de poder em Michael Foucault; Reflexões Teóricas. 

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