segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Devemos armar uns aos outros


Não é difícil de se interpretar o Brasil.

Difícil é o fazer sem enlouquecer. 

Manter os olhos fechados é mais fácil

do que ver tanta gente morrer. 


E essa gente que morre

tem cor e classe definidas.

Uns acometidos pela fome

e os outros: o fuzil ceifa a vida. 


Em meio a esse genocídio,

o cristão piedoso é quem aperta o gatilho.

Enquanto o presidente grita: 

“Troquem o feijão pelo fuzil”. 

E na Igreja se ouve:

“Devemos armar uns aos outros”.


Assim, devemos ter liberdade para nos armar,

mas nunca para nos amar.

Porque “Deus criou Adão e Eva”

e “aberrações” devem queimar.


Ainda falando em liberdade,

no Brasil é seletiva.

Liberdade para matar “vagabundo”.

Mas e o aborto? “Aborto não! Eu sou pró-vida”.


Desse modo se dá o controle dos corpos e das mentes.

Seja dos corpos que caem ao chão

ou dos que não se rendem à tentação da serpente. 

Sempre obedecendo o patrão

Uma figura que se assemelha a esse tal de Deus:

homem cis hétero, branco e com muito, muito poder.


O Estado, o mercado e a Igreja andam de mãos dadas

para edificar o trabalhador perfeito,

mergulhado em ilusões meritocratas

ele faz tudo bem feito. 

Ele se posiciona em favor de moral e bons costumes,

forjados pela burguesia, que os vê como estrume.  


Então o país é desgovernado

por um vírus sem vacina,

de economia liberal e moral conservadora.

Para liberar a exploração e conservar a chacina. 


Caroline Migliato Cazzoli - Direito - Matutino - Turma XXXVIII

 

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