sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Um (não) presente capitalista, hegeliano e produtivo

 Querido ser humano contemporâneo,

            Olá, como vai? Espero que com inúmeras tarefas, cabeça cheia e sem tempo para questionar tudo que está acontecendo. Não sei se te contaram, mas está na última moda dormir poucas horas e se alimentar com rapidez, afinal a palavra da vez é produtividade. E eu tenho certeza que você não quer ficar de fora dessa.

            As máquinas roubaram trabalhos que não foram rearranjados, mas está tudo bem, o que importa é que se tornou mais rápido e diversificado as forças produtivas, assim, possibilitando que a sociedade consuma mais. O Estado sabe exatamente daquilo que todos precisam, então sem neurose.

            Talvez você esteja em um trabalho informal, ou até mesmo com dois empregos ao mesmo tempo para tentar sustentar seus filhos e lidando com preços um “pouquinho elevado”. Mas está tudo bem, nada de se prender às relações sociais da sociedade civil, ela é a personificação de conflito e egoísmo, aqueles que possuem os poderes políticos estão proporcionando o equilíbrio necessário, te garanto.

            Eu sei que, provavelmente, o seu trabalho se sobrepôs a sua vida pessoal e você nem consegue separar mais, são domingos com e-mails, falta de atenção para as crianças, tudo por conta da ansiedade – aquele medo do desemprego, de uma mudança permanente. Então, está tudo bem, o trabalho dignifica o homem e é isso que importa, as condições, os salários e os turnos nem são tão relevantes assim.

            Mas se você achar realmente que alguma coisa pode estar errada, não enlouqueça, liga para o pastor ou para o padre. Afinal, se a salvação terrena não der, você pode tentar com a salvação eterna.

PS: Nada de ouvir gente que entenda sobre Engels e Marx, eles realmente não sabem a importância de um dogma e da ideologia.

Com carinho (nem tanto assim) Hegel, Capitalismo e Estado.


Maria Fernanda Barra Firmino - 1° semestre matutino

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