domingo, 8 de agosto de 2021

Necessidade do fato social

     Emile Durkheim, sociólogo francês do final do século XIX, definiu o objeto de estudo de sua disciplina como o “fato social”, isto é, os modos de ação tradicionais dentro de uma sociedade. São gerais, porque todos os praticam; coercitivos, já que se forem suprimidos haverá alguma pena ao omisso; e por fim, exteriores, pois não partem em si das consciências individuais, mas vêm de fora. Em poucas palavras, spartem de fora da mente pessoal e se generalizam, isso só se pode dar através da imposição. 

     Em seu livro “As regras do método sociológico”, ele aponta um exemplo esquemático de como estes fatos são impostos: todo o projeto pedagógico das escolas se trataria de condicionar a cabeça das crianças ao que pensam seus pais e professores, perpetuando valores e modos de vida. Não obstante, poderia esse processo ser diferente?

     Sabemos que, diferente dos outros animais, nós homens não possuímos grandes mecanismos físicos de defesa; não temos garras, dentes afiados, pelagem suficiente para suportar um frio mais intenso... o que possuímos, de fato, é a nossa inteligência e a nossa sociedade.  

     Ao longo da história, desenvolvemos tecnologias a partir da natureza selvagem que nos permitiram vencê-la e aumentar nossa prosperidade. Logo que nascemos, precisamos imediatamente do suporte de outras pessoas, justamente por essa falta de capacidades naturais. Todos nós fomos cuidados. Em resumo, o que leva nossa espécie adiante é a faculdade que possuímos de compreender e agir sobre o mundo e o ato de passar o que foi aprendido adiante. Assim as gerações dão às seguintes o que julgam possuir de melhor.


     É óbvio que esse julgamento nem sempre está correto, mas ao menos parece sinceroPor que um pai ensinaria ao filho algo que não lhe parecesse útil? Sobretudo a uma criança, uma folha em branco, como diria John Locke? A isso Durkheim chama de coerção - e a coisa parece mesmo ser um pouco como ele diz. Talvez seja só constatação. O ponto é que, se não for assim, não há civilização. Como reiniciar o pensamento a cada geração?


Rafael. M. P. Rosa de Lima - 1º semestre, noturno. 

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