segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A modernidade líquida por uma visão materialista

          “A miséria das classes baixas é sempre maior que o espírito de fraternidade das classes altas.” A frase retirada do romance “Os Miseráveis” do francês Victor Hugo retrata bem o contexto europeu no século XIX. Em meio a realidade caótica do proletariado durante o auge da segunda Revolução Industrial, o filósofo alemão Karl Marx desenvolveu suas teses, defendendo a classe operária e criticando o sistema vigente. Na atualidade, a realidade do trabalhador permanece precária, inúmeros são os tipos de exploração sofridas e a instabilidade do trabalho vem intensificando-se. 

          As relações de trabalho na modernidade vem se tornando cada vez mais frágil. Mesclando-se os ideais de Marx e do filósofo polonês Zygmunt Bauman, é possível evidenciar a flexibilidade de tais relações. Consoante sua obra “Modernidade Líquida”, de 1999, o autor pontua sobre a superficialidade dos vínculos humanos. Assim, juntamente com o conhecimento da obra de Marx, é possível destacar o fim dos vínculos profundos de trabalho, que faz com que as relações sejam cada vez mais rasas. Isso é, o crescimento de agências com serviços temporários traz uma sensação de insegurança ao proletário, assim como a intensificação de trabalhos em aplicativos, como Uber e Ifood, exemplificam a intensificação da exploração através de jornadas de trabalho extensas e a precarização dos meios trabalhistas. 

          O filósofo alemão Hegel baseou suas teorias na dialética do idealismo, construindo um pensamento que visava divinizar a estrutura vigente. Todavia, Marx e Engels criam um contraponto, desenvolvendo a dialética materialista, pela qual eles irão exaltar ideias revolucionárias e quebrar o idealismo hegeliano, expondo a exploração do proletariado. Consoante o materialismo dialético, todo sistema carrega em si mesmo as sementes de sua destruição. Assim, como ocorreu com o absolutismo monárquico durante a passagem da modernidade para a contemporaneidade, a oposição entre classes consiste o motor da história, construindo sempre um ciclo entre classe a anti classe. 

Portanto, a revolução torna-se o único meio vigente para que a classe operária tome os meios de produção e desenvolva seu próprio sistema, o comunista. Nesse regime, não haveria oposição entre classes, já que todos seriam socioeconomicamente iguais, desse modo, não haveria motor, o que faria com que o comunismo se tonasse um modelo ideal e eterno na sociedade. Só assim o proletariado se livraria da exploração da classe dominante, distanciando-se da realidade retratada em '"Os Miseráveis".


Beatriz Ferraz Gorgatti - 1 ano direito matutino

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