segunda-feira, 19 de julho de 2021

Por que somos tão complexos?

 

É fato que o Brasil é palco de leis absurdas, visto que muitas delas garantem privilégios e regalias exorbitantes a parlamentares que priorizam o âmbito privado individualista em detrimento do âmbito público, coletivo e social. Nesse sentido, ao analisar-se o bordão positivista “Ordem e Progresso” estampado na bandeira nacional, tido como uma premissa de que esses termos, compreendidos em seu sentido mais amplo, revelam a existência de leis que organizam a vida dos cidadãos brasileiros, sob a forma de respeito e disciplina geral, fica evidente que essa frase não é nada mais que uma falácia, visto que nem os próprios cidadãos são respeitados pelo governo, que se diz disciplinado mas que, em verdade, é um antro de hipocrisia.

O positivismo, enquanto ideologia social, falha, logo de início, ao propor-se como estágio mais elevado de conhecimento, posicionando-se como superior aos estágios teológico e metafísico, demonstrando grande prepotência, uma vez que a compreensão e disposição da sociedade pode ser sempre aprimorada. Ademais, a sociedade, enquanto conjunto de populações e culturas, é demasiadamente complexa e dinâmica para ser compreendida sob um viés fixo, imutável. Nesse sentido, fica evidente que o objetivo positivista de vislumbramento das leis gerais da sociedade expõe um intuito pouco fundamentado, posto que a sociedade deve ser entendida como um sistema dinâmico, complexo e repleto de variáveis.

O positivismo sobrevive fragilmente na realidade contemporânea, visto que as abordagens desse movimento são consideradas ultrapassadas na atualidade. Além disso, a intenção de compreender a sociedade tal qual se compreende uma ciência exata tende a ser temerária, visto que não há padrão único de funcionamento do humano em seu meio. Assim, não há uma física social, torna-se inverossímil propor uma solução única para todas as incógnitas que compõem a existência humana e sua junção enquanto sociedade.

Ademais, ideias do positivismo como a primazia da sociedade sobre o indivíduo contribuem para certificar o padecimento dessa ideologia. Não se trata da primeira sobrepor-se em relação ao segundo, mas sim de se compreender ambos como fundamentais para tudo que compõe o âmbito social. Nesse sentido, deve-se priorizar tanto o indivíduo como a sociedade no intuito de aprimorar tudo que contribui para a humanidade, seja em seu sentido específico, seja em seu sentido amplo.

Logo, o positivismo sobrevive na contemporaneidade, no sentido mais nítido da palavra, e não mais vive seu auge como no século XIX. O positivismo deixa, na atualidade, resquícios que evidentemente já não se comportam na compreensão do mundo Pós-moderno. Faz-se necessário evoluir, romper com a visão estática de mundo, questionar a disposição do Estado: O que se entende por ordem? O que se entende por progresso? Por que não questionar, como os metafísicos, as essências das coisas? Se existe um amadurecimento das formas de entendimento e explicação do mundo, talvez ele comece com a abdicação de respostas fáceis a problemas complexos. A sociedade não é exata.

LUCAS GABRIEL DINIZ DE PAULA BARCELOS

DIREITO - 1° PERÍODO – NOTURNO – TURMA XXXVIII

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