domingo, 4 de julho de 2021

Poema do desabafo para René e Francis

Descarte a ideia de que conhecer é mais perfeito do que duvidar

Nem sempre quero racionalizar meus sentimentos

Uma vez que ao ousar entender o mundo e a mim, diminuo os dois

E, mesmo que eu seja, mesmo que sinta, não quero aceitar ser menor do que já sou

Não somos máquinas, René, não somos relógios


Como ser, sinto, sou

Sinto o choro da minha mãe

Caçada, posta para trabalhar, escrava

Sou o cientista, sou o aparelho que tortura

Impiedoso, mentiroso, parricida

Era como imaginava, Francis? 


Não quero sempre conhecer

Não quero sempre duvidar

Não quero escravizar

Não quero ser escravo de pensamentos mortos de homens mortos

Não posso ser mecanicista

Porque se fosse peça, não sentiria a máquina inteira em mim

Mas sinto



Andrew dos Santos Carneiro,

Primeiro ano de Direito noturno



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