segunda-feira, 5 de julho de 2021

A ilusão do conhecimento

 O maior inimigo do conhecimento não é ignorância, mas a ilusão do conhecimento.”  

-Stephen Hawking


    O conhecimento nada mais é do que a interpretação de si mesmo e do mundo em que vive a partir de significados. É vital pois o ser humano, ao nascer, automaticamente é condenado a sobreviver através da compreensão e aprimoramento da sua realidade, proporcionando assim engrandecimento interno e evolução da sua espécie. 

   No filme “ponto de mutação” se estabelece uma crítica ao conhecimento ao expor a relação do político, do poeta e da cientista que dialogam sobre diversas temáticas e sempre são mostradas três percepções, a visão política, romancista e a científica. Destaca-se o conceito de pensamento mecanicista  (aquele que consiste essencialmente em reduzir todos os fenômenos da física, e mesmo da natureza, a sistemas de forças que atuam entre corpos materiais) representado na trama pelo relógio, que funciona como um paralelo a visão sob o pensamento científico, fragmentada, sem interligações e sem universalidade. 

   Inicialmente, Francis Bacon, filósofo e político inglês, defendia que devemos avaliar as circunstâncias em que um fenômeno ocorre (ou não), detalhando seus casos particulares, detalhes e circunstâncias para relacioná-los entre si, e só esse pensamento, através da “razão pura” levaria ao entendimento da natureza. No campo da ciência, Bacon fugia do tradicional que prega conclusões só através de experiências e defendia o racionalismo crítico. 

    Em adição, René Descartes, pai do racionalismo moderno, defende que o conhecimento humano já nasce com o ser e se amplia juntamente com os estudos, que viabilizam sua exteriorização, ou seja, a diferença entre o nível de inteligência de uns e de outros é o modo como utilizamos a racionalidade. Ele propõe também que o pensamento filosófico deveria basear-se em um método fundamentado e preciso, baseado no raciocínio dedutivo.

   É perceptível que apesar das divergências entre os pensadores, ambos defendem a educação crítica, racional, sistemática e ampla. Aplicando a ciência, por exemplo, a metodologia científica, tão decisiva para o progresso científico,  agora perde o seu valor fragmentado, em etapas, e passa a ser o conjunto de procedimentos não convencionais adotados pelo investigador, orientados por postura e atitudes críticas e adequados à natureza de cada problema abordado… é a forma crítica de produzir conhecimento científico, com proposições bem articuladas em sua verdade sintática, semântica e pragmática. Junto a isso, o conhecimento científico surge da posição ativa em que o ser humano ao explorar sua racionalidade através da crítica, descobre os princípios explicativos que baseiam a organização, classificação e ordenação da natureza a que pertence, com explicações concretas que possam ser testadas e criticadas. Logo, a realidade passa a ser observada sob o enfoque de um critério orientador que possibilita o entendimento das relações entre os fatos, coisas e fenômenos. 

Finalmente, o ideal da racionalidade proposto por Bacon, Descartes e criticado no enredo é  aquele que procura uma sistematização coerente presente em todas as leis e teorias do conhecimento, com um elevado nível de consistência lógica entre suas afirmações, além de uma visão universalista que capacita a percepção de inconsistências e as suas correções. Essa verificação consistente fornece os padrões que garantem a inexistência de ambiguidades, contradições lógicas e estabelecem se uma teoria é viável ou não para a comunidade científica. 

   Assim, há a criação e perpetuação do conhecimento embasado, analista e que trará uma devolutiva não apenas prática mas também intelectual para toda a sociedade, interrompendo a reprodução do conhecimento sem embasamento, crítica e comprovações, ou seja, ilusório.



Camilla Rosa - 1 ano - noturno

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário