domingo, 27 de junho de 2021

Revisão, não supressão

  A origem histórica do Brasil está relacionada ao colonialismo europeu do século XVI, cuja justificativa estava no fato de que estavam levando a civilização para todo o mundo de maneira igualitária. Entretanto, omitiram o fato de que o projeto colonizador havia como características intrínsecas o genocídio e a desumanização de negros e indígenas, que eram tratados como objetos e até mesmo animais de trabalho. Nesse trágico contexto, nasce o Brasil, que recebe essa cultura racista em seu âmago e a perpetua através dos anos subsequentes, até atingir o século XXI, no qual, finalmente leis de cotas, são desenvolvidas, mas devem ser aprimoradas.  
  Primeiramente, é de suma importância a percepção de que a sociedade brasileira possui um racismo classificado como sistêmico, isto é, funda, estrutura e replica o preconceito em questão. Nesse sentido, a adoção das cotas é necessária, contudo, é imprescindível que outras políticas afirmativas sejam promulgadas concomitantemente, para que essa população seja assistida plenamente. Isso porque, historicamente, os negros brasileiros nunca tiveram seus direitos humanos realmente garantidos, pelo contrário, tiveram-nos feridos em diversas ocasiões, como na Revolta da Chibata de 1910, ou no massacre de Jacarezinho em 2021. Dessa maneira, torna-se visível que a adoção de ações afirmativas, tal qual as cotas, é vital para o combate ao racismo sistêmico de origem colonial.
  Ademais, a temática mais urgente é a Revisão das Leis de Cotas, prevista para 2022, pois ela representa a supressão dessa mínima ação de igualdade, promulgada oficialmente, desde 2012. Todavia, tais medidas foram adotadas experimentalmente pela UERJ em 2002 e já apresentaram resultados favoráveis, uma vez que esses alunos cotistas demonstraram alto rendimento em suas formações universitárias, reafirmando o ideal de equidade, ou seja, com as mesmas oportunidades, todos podem alcançar o sucesso na mesma proporção. Sendo assim, faz-se evidente que a Revisão das Leis de Cotas é algo a ser debatido em meio a dados estatísticos que corroboram para que essas medidas não sejam suprimidas, mas sim aprimoradas, uma vez que esses formatos de cotas eram previstos para as minorias, porém na realidade brasileira os negros são a maioria da população.
 
 É imprescindível, portanto, a distinção entre a revisão e a supressão das Leis de Cotas, uma vez que essas políticas têm por objetivo maior a superação do racismo sistêmico, a qual deveria ser comum a toda sociedade brasileira. Nesse sentido, a cultura colonizadora racista rumará em direção à mudança de perspectiva de toda a cultura do país, ao perceber-se que o ideal da equidade é o maior expoente dessa revolução e que brancos e negros não apresentam nenhuma diferença intelectual entre si, logo, essa divergência imposta no século XVI, finalmente se tornará obsoleta na contemporaneidade.

 

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