domingo, 27 de junho de 2021

Lei de Cotas,  uma luta pela igualdade 

"Racismo, preconceito e discriminação em geral; É uma burrice coletiva sem explicação; Afinal, que justificativa você me dá; Para um povo que precisa de união". Esse trecho é o começo da música “Racismo é burrice” do cantor e compositor Gabriel, o Pensador, famoso ativista contra o racismo e a discriminação no Brasil. Um conjunto de palavras tão simples, mas tão impactantes, especialmente no atual momento de instabilidade política e social enfrentado pelo Brasil, em que até mesmo a lei de cotas está sendo ameaçada. Assunto debatido com maestria pelos professores Juarez e Dagoberto na palestra realizada pelo Cadir na última quinta-feira (24).

Atualmente, é comum ouvir pessoas questionando a existência da Lei nº 12.711/2012, como se ela fosse um monstro que vai destruir a educação no Brasil, presos a uma ignorância, a um ídolo, como diria Francis Bacon, dando-lhes uma falsa percepção do mundo. É triste pensar que no país, cuja maioria da população é negra (cerca de 54%, segundo IBGE), ainda se precisa de cotas para garantir-lhes a educação superior, a conquista desta lei não deve ser vista como uma vitória, mas como um símbolo do fracasso do Brasil em constituir-se como nação igualitária, isonômica.

Além do mais, a história do Brasil como nação, principalmente acerca da estruturação do racismo, sempre foi marcada pela negação do intuito do fazer científico de Descartes, que concebia a ciência como um elemento voltado para o bem humano. Tal fato se comprova pelas teorias do Darwinismo Social e Eugenismo que ganharam destaque e grandes apoiadores, como o escritor Monteiro Lobato, no século XX. Esses movimentos defendiam um “embranquecimento da população”, colocando as pessoas negras em posição de inferioridade, um fazer científico que se opunha à dignidade humana e ao bem da população.

Portanto, o Brasil, país marcado pela miscigenação e conhecido mundo a fora pela felicidade e acolhimento, ainda é misógino, preconceituoso, racista, homofóbico e transfóbico. Como afirmou o escritor Ariano Suassuna em uma entrevista do Jornal Globo em 2007: “… que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.”


Gabriel Rigonato, 1º Ano de Direito Noturno 


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