segunda-feira, 28 de junho de 2021

A luta por um espaço na humanidade

 Está estipulada para 2022 a revisão da chamada lei de cotas, vigente desde 2012; e parece intuitivo concluir que a lei de reserva de vagas para certos grupos minoritários em universidades e institutos federais deva continuar em atuação. Afinal, ela teve papel agravante na construção de uma comunidade racial, principalmente, dentro das universidades públicas.

De acordo com o Portal do Governo Brasileiro, desde a estipulação da lei, em menos de 7 anos a quantidade de indígenas matriculados nas universidades cresceu mais de cinco vezes. Ademais, apesar da população negra ser maioria no Brasil, foi apenas em 2019, com o auxílio da Lei de Cotas, que pela primeira vez, alunos negros se tornaram maioria nas universidades públicas.

Nesse viés, é válido trazer o conceito de Francis Bacon, de que conhecimento é alcançado a partir de experimentações, para dizer que é inegável que a política de cotas foi implementada, testada e de fato tem êxito. E não apenas deve continuar vigente, como deve ser aperfeiçoada e auxiliada por outros projetos de inclusão semelhantes.

Entretanto, devido ao atual governo, a Lei de Cotas está ameaçada. Isso pode ser exemplificado em falas do presidente da república como, “Quem usa cota, no meu entender, está assinando embaixo que é incompetente. Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista” (em entrevista para o programa CQC em 2011). O ato de acabar com as cotas é uma manobra fundada no preconceito.

Descartes diz que saber é poder. Dessa forma, pode-se dizer que há um interesse em tirar desses grupos a participação no saber. A ação serve como uma contínua e cultural desumanização de pretos, pardos, indígenas, deficientes, e outros grupos englobados na política de cotas. “Com toda a certeza, o índio mudou. Está evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós” (2020) é outra frase do presidente Bolsonaro que pode ser citada para demonstrar que esses grupos não são vistos como seres humanos e nem há um interesse para que isso aconteça.

Sendo assim, é pertinente citar novamente a filosofia de Descartes que diz que o conhecimento deve ser usado como instrumento, e a ciência como elemento voltado para o bem do homem. Todos os espaços, sejam na educação, no mercado de trabalho, sejam sociais, políticos, ou quaisquer outros, devem ser cada vez mais inclusivos. Logo, as políticas de inclusão são um aspecto importante dessa constante luta por uma humanização e um espaço na sociedade, e deve-se lutar pela manutenção das mesmas.


Vitoria Talarico de Aguiar, matutino

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