quinta-feira, 24 de junho de 2021

A COR DA RAZÃO: A POLÍTICA DE COTAS NO BRASIL ENTRE EXPERIÊNCIAS SOCIAIS E RACIONALIDADES EM DISPUTA.

 

O Brasil nasceu com pilares fundamentados nas costas homem negro e pardo, pois desde seus primeiros anos a preocupação dos colonizadores era justamente como conseguir mão de obra para explorar aquela nova terra, e a primeira solução aventada e colocada rapidamente em prática foi trazer navios negreiros cheios de pessoas arrancadas a força de seus lares e comunidades e tornar o homem negro escravo, a escravidão no Brasil visou enriquecer o colonizador, porém as estradas abertas pelos negros existem e são usadas ate hoje, a exemplo a Estrada do Rei, que segue de Minas Gerais até o litoral, os milhões de hectares de mata transformados em pastos, e o Brasil foi um dos últimos países do mundo a abolir a escravidão em 1888, não sem forte resistência e grande derramamento de sangue negro e pardo, porém ao se ver obrigado a libertar o homem negro, criou instantaneamente a desigualdade social e o racismo, usado como base para perpetrar teorias lombrosianas e toda sorte de atrocidades.

A política de cotas no Brasil é uma politica de reparação por crimes perpetrados por séculos, pelo homem branco em desfavor ao homem negro e pardo, porém a princípio nos parece que este problema de desigualdade só fora percebido pelos políticos recentemente, mais precisamente em 2012, mas a pauta é antiga e homens brancos, eruditos, bacharéis em direito, inclusive, como vemos desde ao inicio da Republica que vários deles passaram pelos bancos de Universidades renomadas como a USP e UFMG , e esses homens, que grandes pensadores como eram, tinham total noção e conhecimento do massacre que era perpetrado contra o povo negro e pardo brasileiro, físico e cultural não se importaram em tentar melhorar a vida dessas pessoas através de políticas públicas, saúde, empregos, muito pelo contrário, favoreceram a criação de favelas e de leis voltadas especificamente para punir e controlar sistematicamente a população negra e parda e esses homens são em maioria os pais da pátria a quem tanto reverenciamos.

O negro e pardo já nascem no Brasil com um joelho no pescoço, pois desde tenra idade já sente a distinção de como é tratado pelo seu tom de pele, pelo seu cabelo, pela sua origem, e desde sempre isso é considerado muito normal, em como o mesmo é tratado pela polícia, nas repartições públicas em restaurantes e mercados, em como facilmente se vê em problemas em que sua voz não é ouvida.

Se o negro está em um emprego ou ambiente onde ele é esperado não se estranha sua presença, mas se o negro ou pardo decide ir a algum lugar considerado “melhor”, logo percebe o primeiro olhar desconfiado na mira de sua pessoa, o segurança do lugar, que o segue com os olhos desconfiados por onde quer que ande ou no mercado onde sem muita cerimonia lhe pedem para levantar a camisa para ver tem leva algum item subtraído.

A política de cotas nos concursos e Universidades tem como finalidade diminuir o abismo que existe entre negros, pardos e brancos, pois de nada serve a Constituição Federal dizer que os homens são iguais entre si, se a um deles é negado o básico, a saúde, a educação, a moradia, enquanto ao outro é reservado desde longa data casa melhor, plano de saúde, lazer, comida, entretenimento, o direito de não precisar ser arrimo de uma família e estudante ao mesmo tempo, e é fato que após uma vida vivida as margens da sociedade o resultado não fosse o mesmo, uma vez que as condições são completamente diferentes, sem trazer a baila a discriminação e a violência física, as oportunidades materiais já deixam o negro e pardo sem condição de pleitear as mesmas vagas, perpetuando assim o círculo vicioso da pobreza.

O governo planeja, em 2022, uma revisão da política de cotas raciais em concursos e vestibulares, mas mais que notório, o regime supremacista branco de direita deseja colocar em pauta o tema para extinguir, sufocar, dizimar a política de cotas raciais, e note que a política de cotas raciais fora criada para tentar minimizar o abismo social que existe hoje no Brasil entre brancos, negros e pardos, e note o absurdo que, após séculos de roubos, assassinatos, estupros e violência de todas as formas, omissão e negligência, o governo resolve que em 10 anos está tudo equiparado, quando na verdade no ano de 2012 em que foi fundada a Lei de Cotas, a mesma já estava 30 anos atrasada com relação a países como estados Unidos e mesmo lá, após mais de 40 anos da criação da lei de política de cotas raciais, ainda não se cogita a revisão dessa conquista, pois sabe-se que o abismo social ainda é gigantesco.

Só seria aceitável que se revisse a politica de cotas raciais quando esse abismo social fosse diminuído, que através de provas práticas e estatísticas fundamentadas, e não dados falsos criados a partir de conceitos distorcidos, como hoje é feito no Brasil, por essa política calcada no genocídio, que provassem que o abismo absurdo entre negros pardos e brancos estivesse sendo realmente tapado.

NOME: ANTONIO JAIR DE SOUSA JUNIOR

DIREITO MATUTINO

TURMA: XXXVIII

Nenhum comentário:

Postar um comentário