domingo, 6 de setembro de 2020

Dominação e universalização

 

A pandemia de Covid-19 vem expondo, ao longo de 2020, diversos problemas sociais, mazelas econômicas e até mesmo falhas fundamentais no sistema econômico vigente. É importante, entretanto, ressaltar que esses problemas não são novos, e já foram sistematicamente analisados muito antes do caos atual.

A partir de uma perspectiva Weberiana, observemos o processo de “retomada da economia” no Brasil. Ora, é fato que a pandemia prejudicou imensamente os setores produtivos, mas isso não pode – ou poderia – se sobrepor à importância da vida humana. Entretanto, não é isso que se observa.

Weber propôs o conceito de legitimidade de dominação, que é, por exemplo, a dominação exercida pelo Estado sobre a população. Refletindo sobre a quem serve a ação atual do Estado brasileiro, ou seja, quem se beneficia da reabertura econômica às custas de milhares de mortos, a resposta é óbvia: a classe dominante economicamente, o que se conecta a outra noção Weberiana, a pretensão de universalização dos interesses materiais de uma classe.

Mais ainda, essa universalização é feita através do direito, o qual é adequado aos interesses burgueses, de modo a garantir a segurança jurídica necessária para que o mercado possa operar normalmente. Em tempos de coronavírus, tal universalização se mostra presente quando o Estado e, portanto, seu aparato legal, consideram correto beneficiar uns poucos a custo de muitos.


Sofia Malveis Ricci - 1º ano noturno

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