sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Contemporaneidade do Weberianismo

 Max Weber foi um importante pensador do século 19, ele foi responsável por revolucionar o método sociológico de sua época. Weber em seu livro "Metodologia das Ciências Sociais" formulou a "Sociologia Compreensiva", ciência necessária para se entender a realidade e formar uma explicação para ela. Tal ideia foi ao encontro dos conceitos tidos até então, os quais viam na sociologia um caminho para efetuar mudanças sociais, Karl Marx foi um representante dessa visão, que era criticada por Weber. Assim, Max tinha por objetivo compreender as ações sociais, ou seja, os anseios e as vontades que levam as pessoas a agirem de certa forma. Portanto, o indivíduo é figura central em sua análise, fazendo parte de uma via de mão dupla, já que as ações, mesmo quando coletivas, tem origem no ser, uma vez que são condicionadas por padrões culturais específicos de cada sociedade. 
 Dessa forma, Weber pensou em uma sociologia objetiva, capaz de explicar determinados atos para todas as culturas, por mais diversas que elas sejam. Com essa técnica foi possível observar como as sociedades são diferentes entre si, pois cada uma tem suas próprias tradições, ideologias, crenças e gostos. A exemplo disso, tem-se as mulheres Karen na Tailândia, elas são mundialmente conhecidas por usarem argolas nos pescoços em sinal de beleza, o que as proporcionou o apelido de "mulheres girafas", uma vez que esses anéis esmagam seus ombros gerando um aumento no tamanho do pescoço. Esse ato é predominantemente uma ação tradicional, representada por Weber como uma prática feita mediante as tradições e os costumes de um povo. 
Weber também explica que para compreender determinada atividade é preciso entender sua formação histórica. Em sua teoria, Weber diz que o significado de uma ação é historicamente construído, ou seja, todas as formas de pensar e agir que se tem hoje são reflexos de um passado comum. Assim, a história está constantemente refletida no presente e basta olhar para ela para assimilar alguns problemas sociais que se tem atualmente. Para exemplificar essa afirmação podemos olhar para o passado histórico do Brasil, no qual a escravidão esteve presente por mais de 300 anos e com a sua abolição os escravos não foram devidamente inseridos na sociedade, refletindo na dívida histórica que temos hoje em dia, a qual está representada na desigualdade social, no racismo e na violência praticados contra essa minoria. 
 Além disso, Weber cria os chamados "tipos ideias", ferramentas de estudo das sociedades usadas para comparar o real com o esperado. Desse modo, o "tipo ideal" é uma espécie de personagem perfeito, que cumpre com as expectativas a ele impostas, entretanto, ele não existe efetivamente. Ao se pensar na vivência nacional, podemos perceber que o povo brasileiro tem uma tendência em acreditar em figuras salvadoras, que surgiriam para acabar com toda a corrupção e todos os males do Brasil. Portanto, a população tem como "tipo ideal" para os políticos figuras heroicas apenas preocupadas em melhorar o Brasil. Porém, vale refletir que todos os políticos possuem propósitos subjacentes as suas eleições, os quais são expressos pelo fisiologismo partidário, por ascensões a cargos de maior prestígio ou pelas reeleições, provando a inexistência desse "tipo ideal". 
 Em suma, Weber foi responsável trazer novas funções para a sociologia, colocando o cientista como parte integrante do estudo, uma vez que ele é membro de um corpo social e carrega a cultura e os costumes do meio em que vive, criando uma ciência objetiva, mas não neutra, a qual é responsável por compreender a sociedade, sem modifica-la. 
Julia Dolores - Direito matutino. 

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