segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A sociedade dominada pelo tempo do relógio / Tempo é dinheiro, não o desperdice

No apogeu do século XIX, Max Weber, importante sociólogo alemão, começou a observar a sociedade alemã e as transformações sociais, políticas e econômicas que estavam ocorrendo pela eclosão da Revolução Industrial no continente europeu. Desta forma, Weber, influenciado pelo Idealismo de Immanuel Kant, buscava propor sua visão acerca da emergente ciência social que estava nascendo e possuía como objetivo atingir a real essência do conhecimento.

            Assim, Weber busca contrariar a visão funcionalista de Emile Durkheim e propõe como metodologia a ser seguida, na Sociologia, uma análise mais imparcial de seu objeto de estudo (A sociedade e seus indivíduos), por parte dos pesquisador, para obter respostas mais fidedignas e não haver interferências ideológicas nos resultados de pesquisas. Nesse sentido, ele começa a teorizar os tipos de ações sociais existentes e um modelo para cada situação, denominado de tipo ideal, como forma de atingir seu objetivo de representar a sociedade e a cultura que a permeia.

            Outrossim, outro fator importante em seu estudo é o Capitalismo, visto que ele estava começando a tomar forma, como o conhecemos na hodiernidade, com a industrialização europeia e já começava a alterar os valores sociais, uma vez que mudou a própria percepção sobre o tempo pelos membros do coletivo. Com isso, a distinção natural, de dia e noite ou das estações do ano, não mais importava com a descoberta da eletricidade e da luz elétrica. Desta forma, os trabalhadores poderiam ser utilizados a qualquer momento e continuar o ritmo produtivo, no qual a máxima “Tempo é dinheiro” melhor traduz esse espirito de produção incessante.

            Isto só atesta o fato de que a burguesia controla as vontades individuais dos trabalhadores por dispor do poder econômico para isso e que busca ter sua legitimidade atestada pelo ordenamento jurídico que a favoreça, perpetuando seu ciclo de dominação.

Na contemporaneidade, diversos são os exemplos que demonstram a insensibilidade do próximo em nome do capital mas quero discorrer sobre um fato que me deixou perplexo é o “novo normal” durante a pandemia, em que os empresários não ligam para a perda de vidas (“um fato infeliz”) mas que é tratado como natural, como se seres humanos não passassem de números em serie, objetos. Com a pressão da burguesia, governos flexibilizaram regras de quarentena (que diga-se de passagem nunca ocorreu de forma eficaz no Brasil) para permitir a retomada do comercio. Para melhor elucidar, é como se estivéssemos no Titanic, avistássemos o Iceberg e rumássemos com toda a velocidade a frente, a beira do abismo social.

Weber, ao contrário de Marx, defendia a exploração do sistema capitalista sobre os trabalhadores. Isto pode ser vislumbrado no atual panorama brasileiro com a redução de salario dos trabalhadores, afinal “todos devem dar sua cota de sacrifício”, mesmo a cúpula econômica não perdendo seus ganhos enquanto 2 em cada 3 brasileiros afirmaram que tiveram perda significativa em sua renda mensal ¹

Portanto, fica constatado que os ideais racionalizantes de Weber ainda permanecem nas relações econômicas capitalistas até os dias atuais, uma vez que ele defende a burguesia e a legitima de quaisquer questionamentos por meio do instrumento jurídico. Deste modo, há uma manutenção do poder nas mãos do status quo que acaba não sofrendo significativas alterações ao longo do tempo.

 

 

CARLOS AUGUSTO POLIDORO DA SILVA – 1° DIREITO - MATUTINO

1-      ADMINISTRAÇÃO, FGV. 07 de julho de 2020. Pesquisa indica que 63,93% tiveram perda de renda mensal por conta da pandemia de COVID-19

Disponivel em: https://portal.fgv.br/noticias/pesquisa-indica-6393-tiveram-perda-renda-mensal-conta-pandemia-covid-19

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário