sexta-feira, 4 de setembro de 2020

A dominação ideológica do capitalismo

Anteriormente ao século XVI, a acumulação de riquezas era vista pelos cristãos católicos como oponível ao reino dos céus. Mediante a esse cenário, somados a uma burguesia fervorosa em ascensão, tornou-se propício a Martin Lutero e posteriormente João Calvino a iniciação de uma reforma protestante. Calvino defendia a salvação pela fé, valorizava o trabalho e a acumulação de dinheiro como sendo o caminho para os céus, quanto mais dinheiro, mais predestinado o indivíduo. Isso fez com que brilhasse os olhos da burguesia da época, que se tornaria a principal classe na revolução industrial e a implementadora de um espírito capitalista que fora estudado pelo filósofo Karl Marx, mas também pelo intelectual Max Weber que discutiremos a seguir.

Para compreensão dessa classe burguesa dentro do cenário capitalista, Weber definiu a sociologia como ciência da realidade, uma crítica do mundo, com o objetivo de explicação do curso efetivo da ação social de acordo com sua conexão de sentido, definindo essa como o modo de condução da vida do indivíduo orientada em relação ao outro. Ele classificou a ação social em 4 tipos possíveis, as duas primeiras são consideradas racionais, porém contrastam sob o prisma da ética da responsabilidade versus a ética da convicção. A primeira tem relação a um objetivo, combinando os meios com a racionalidade para atingir essa determinada finalidade, independentemente de sua crença. Já a segunda relaciona-se com a fidelidade de suas ideias, expressão de seus próprios valores. Os outros dois tipos não são considerados racionais, mas emocionais, como a ação efetiva, estimulada pelas paixões do indivíduo e a ação tradicional incentivada por hábitos e costumes.

Através de seus estudos e pesquisas, Weber se tornou um dos principais responsáveis pelo salto qualitativo na evolução do conhecimento sobre a teoria da administração, na medida em que encaminhou suas ideias por meio do tipo ideal da burocracia, na direção da sociologia da organização. Essa ferramenta metodológica para a análise da ação social cumpre duas funções básicas, a de fornecer um caso limitativo com o qual os fenômenos concretos podem ser contrastados, ou seja, um conceito inequívoco que facilita a classificação e a comparação. E também, serve de esquema para generalizações que, por sua vez, servem ao objetivo final da análise do tipo ideal, a explicação causal dos acontecimentos históricos.

Hodiernamente, um exemplo desse conceito que não corresponde a algo que deve ser, mas o objetivamente possível, fica evidente quando pensamos em democracia temos um conjunto de características em nossa mente dando origem a um todo idealizado, o Tipo Ideal. Então ao observar um sistema político contrastamos com esse tipo que imaginamos para classificar esse sistema como democrático ou não.

Através do entendimento das relações sociais e seus tipos, Weber explica a dominação presente no nosso atual sistema capitalista que pode justificar-se em especialmente duas formas básicas, a burocrática e a carismática. Quanto à dominação carismática, pode-se dizer que ela está centrada na crença da santidade, do heroísmo de determinada personalidade e nas regras por ela reveladas por meio da devoção. A forma de dominação burocrática é a mais evidente no nosso sistema já que é caracterizada pela autoridade que encarna o direito, onde a luta pelo poder é a luta pela influência decisiva sobre as ordenações jurídicas que são instituídas. Com isso, a teoria weberiana considera as organizações como sistemas burocráticos, que constituem o ponto de partida para sociólogos e cientistas políticos no estudo das organizações, enfatizando a dominação ideológica do capitalismo, que vem sendo cada vez mais reforçada pelos programas de treinamento e desenvolvimento nas empresas.

Matheus Solbiati Braga 1°Ano Direito - Matutino

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