sexta-feira, 17 de julho de 2020


 A FALSA IDEIA DE PROGRESSO

A ideia da charge acima não é idolatrar e priorizar a Antiguidade e a Idade Média. Obviamente, foram períodos, como todos os outros, que possuíam defeitos e acontecimentos catastróficos, os quais devem ser julgados. Escravidão por dívida, exclusão das mulheres, direito penal cruel são alguns exemplos de conjunturas negativas ocorridas nesses períodos. Contudo, considerá-los como civilizações e Idades inferiores não é correto também. Muitos foram os avanços e melhorias presentes na Antiguidade, como o desenvolvimento de uma filosofia extensa e códigos jurídicos complexos. A Idade Média, embora conhecida como Idade das Trevas, também contribuiu intelectualmente e culturalmente através da filosofia escolástica, criação das universidades e propagação de direitos plurais.
O objetivo da charge foi, então, criticar a visão comteana que defende a existência de períodos inferiores e insignificantes. Perceba-se, na atualidade, que a visão de sociedades superiores está presente até entre governantes, o que é muito alarmante. Considerar as comunidades indígenas como irrelevantes e atrasadas e tentar diminuir seu valor cultural é, infelizmente, comum no país. Claro, isso deve ser uma característica dos positivistas, sempre classificar algo ou alguém como inferior e indigno. Pode-se notar que Olavo de Carvalho, em “Mentiras Gays”, retoma essa perspectiva positivista ao considerar os homossexuais como inferiores, se embasando apenas no ódio e no preconceito.
Contudo, esse não é o único problema com a perspectiva positivista. Eles também possuem uma visão muito restrita e superficial dos processos sociais. O funcionamento das classes garantindo a continuidade da economia é suficiente para eles. Os direitos humanos e a igualdade social são simplesmente ignorados, até porque na constituição todos são iguais, e isso já é suficiente. A procriação e reprodução da espécie humana são o ideal, e a diversidade e orientação sexual são desconsideradas. Esse é o processo dos positivistas: analisar a sociedade da forma mais superficial possível e rejeitar as complexidades da realidade social.
Forma-se, então, uma visão muito simplista de progresso, baseado no avanço tecnológico junto a um funcionamento regular das classes. Por isso, muitos indivíduos (como Olavo de Carvalho) absorvem essa visão distorcida e a utilizam para registrar a realidade atual, negando a importância de movimentos ambientais, de igualdade de gênero, e muitos outros. O que realmente deveria ser feito é estudar o positivismo de forma crítica, percebendo que o progresso deve abranger questões atuais e essenciais, combatendo a desigualdade, o aquecimento global, a discriminação racial, a intolerância religiosa. Quando finalmente exista uma sociedade em que os direitos humanos sejam plenamente garantidos, em que o preconceito seja extinguido, com um governo (oposto ao atual) consciente e sustentável que lute pela liberdade e democracia, talvez possamos afirmar que um real progresso tenha sido alcançado.

Observação: para visualizar a charge com tamanho maior, aperte nela.

Charge e texto criados por:
Mariana Pereira Siqueira – 1° ano Diurno

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