segunda-feira, 27 de julho de 2020

A polarização da ciênca

 Diz-se que estamos na Era do desenvolvimento, aprimoramento e valorização do científico e do racional. Mas será isso inteiramente uma verdade?
 Segundo Comte, idealizador do Positivismo, o conhecimento verdadeiro baseia-se nos ideais de "Ordem e Progresso", "[...]  renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer a causa mais íntima dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e similitude".
 Mesmo que o filósofo tenha estabelecido tais conceitos no decorrer do século XIX, é possível relacioná-los com a pós- Modernidade, na medida em que, para muitos indivíduos, inclusive para detentores do Poder Político brasileiro, busca-se a verdade científica de forma superficial e não revolucionária, de modo a, além de confirmar teses anteriormente propostas, basear-se somente nos interesses e benefícios de seus respectivos grupos, em detrimento de uma visão ampla e diversificada da sociedade.
 Um exemplo que pode ser citado é o de Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, envolvida em diversas polêmicas envolvendo sexualidade e gênero. Uma dessas polêmicas teve início ao afirmar que "menino veste azul e menina veste rosa". Com tal metáfora, a ministra  deixa clara sua aversão à ideologia de gênero, o que cria abertura à discriminação de diversos grupos e uma polarização nos conceitos relacionados à sexualidade.
 Da mesma forma, uma relação pode ser estabelecida entre tal afirmação e "Mentiras Gays", de Olavo de Carvalho. Ao afirmar que a homossexualidade é apenas um desejo e que as relações humanas devem ser pautadas somente no que concerne à reprodução e perpetuação da espécie, ele, como Damares, discrimina toda a diversidade sexual e de gênero, e dá credibilidade a uma visão científica e social ultrapassada.
 Assim, fica claro como é importante uma visão não polarizada e crítica dos fenômenos sociais e das várias esferas da vida humana (biológica, social, cultural, emocional, entre outras), que deva gerar alteridade, e que possa, verdadeiramente, proporcionar avanços na ciência e na racionalidade, de modo a abandonar ideais ultrapassados e que não sejam um retrato real do mundo hodierno, proporcionando, assim, maior liberdade, respeito, diversidade e engajamento na sociedade como um todo.

Maria Paula Castro Gonzaga
1 Ano- Matutino

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